Devido, notadamente, à introdução da variante Ômicron em nosso meio, um aumento exponencial do número de casos de Covid-19 pôde ser observado nas últimas semanas em nossa região. Adicionado a esse fator, surtos de influenza A (H3N2) estão em curso em vários países, fazendo elevar a quantidade de pacientes com síndrome gripal, quadro clínico semelhante à da Covid-19.
Diante desse cenário epidemiológico desafiador, a demanda por testes diagnósticos de Covid-19, seja pelos testes rápidos de antígeno ou pelos moleculares (RT-PCR), está sendo muito maior que a oferta. Essa intensa procura causou uma escassez generalizada de testes, insumos e equipamentos laboratoriais, levando a uma redução da disponibilidade desses testes em várias localidades.
Paralelamente, o afastamento de uma proporção significativa de profissionais de saúde acometidos pela infecção, dentre eles os da área laboratorial envolvidos com os exames diagnósticos (ex.: cadastro, coleta, execução, interpretação, liberação), fez com que também houvesse uma diminuição da capacidade de processamento dos exames nos laboratórios clínicos.
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Recomendações da OPAS/OMS
Nessa conjuntura, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) emitiu, no dia 10 de janeiro de 2022, um alerta epidemiológico aos seus estados-membros. Dentre as principais orientações quanto ao uso e priorização dos testes diagnósticos (antígeno e/ou RT-PCR), a OPAS/OMS recomenda que eles sejam realizados sob as seguintes circunstâncias:
- Todos os casos que exigem hospitalização devido a sintomas respiratórios;
- Pacientes com sintomas respiratórios que estejam nos grupos de risco para agravamento da doença;
- Profissionais de saúde com sintomas respiratórios (para permitir orientação referente ao retorno ao trabalho);
- Pacientes que precisam ser hospitalizados por outros motivos, para detecção de Covid-19 de acordo com as normas de cada país/território e de cada instituição;
- Profissionais com sintomas respiratórios que fazem parte de serviços essenciais e presenciais, como profissionais de segurança (para permitir orientação referente ao retorno ao trabalho).
Situações em que o teste NÃO é recomendado:
- Indivíduos assintomáticos (inclusive contatos);
- Como requisito para sair do isolamento;
- Para acessar locais públicos.
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Considerações finais
O diagnóstico etiológico do agente causador das síndromes respiratórias, notadamente nesse momento de alta circulação simultânea do SARS-Cov-2 e do vírus influenza A (H3N2), é importante não só do ponto de vista epidemiológico, como também para o manejo e tratamento clínico específicos.
Nesse momento, devido ao acesso limitado em nosso País, é prudente adotarmos medidas para a priorização e racionalização dos testes diagnósticos da Covid-19, assegurando o suprimento e a disponibilidade adequada desses testes para vigilância epidemiológica e atenção médica de quem mais precisa.
Referências bibliográficas:
- Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde. Alerta Epidemiológico: Uso racional de testes de diagnóstico para COVID-19. 10 de janeiro de 2022, Brasília, DF: OPAS/OMS, 2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/documentos/alerta-epidemiologico-uso-racional-testes-diagnostico-para-covid-19
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