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Pediatria13 julho 2022

Estudo identifica principais abordagens não farmacológicas para o manejo do delirium em crianças sob cuidados intensivos

Os cuidados paliativos no tratamento intensivo são fundamentais para melhorar o bem-estar. Conheça os métodos não farmacológicos indicados.

Um recente estudo envolvendo profissionais de saúde que atuam em Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) levou os pesquisadores a desenvolver um bundle não farmacológico para o manejo do delirium em crianças sob cuidados intensivos. O artigo Development of a non-pharmacologic delirium management bundle in paediatric intensive care units foi publicado recentemente no periódico Nursing in Critical Care.

Crianças em estado crítico são propensas a sentir desconforto, dor e angústia. Frequentemente, os pacientes pediátricos são submetidos a procedimentos dolorosos, como inserção de acessos intravenosos, drenos, cateteres, aspiração de tubo endotraqueal e outras invasões necessárias e, muitas vezes, recorrentes. Ademais, esses pacientes estão sujeitos a ruído e luz intensos.

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Para reduzir o sofrimento, medicamentos analgésicos e sedativos são comumente administrados, mais frequentemente opioides e benzodiazepínicos. Ao mesmo tempo, o uso excessivo desses fármacos acarreta o risco de ventilação mecânica (VM) prolongada, permanência prolongada na UTIP, síndrome de abstinência iatrogênica (SAI) e delirium. Os distúrbios do sono e o delirium são frequentemente tratados com drogas adicionais, o que pode levar a um ciclo vicioso que contribui para o aumento da morbimortalidade infantil. Equilibrar a sedação adequada, evitando a super e a sub sedação, é um desafio nessas unidades.  

Bundles não farmacológicos para prevenção de delirium têm se mostrado eficazes em Unidades de Terapia Intensiva para adultos. O estudo então teve como objetivo analisar opiniões de especialistas e gerar decisões de consenso informadas sobre o conteúdo de um bundle não farmacológico para manejar o delirium em pacientes de UTIP. 

Solução Salina Hipertônica versus Manitol na diminuição da pressão intracraniana (PIC) em crianças com traumatismo craniano grave

Método

O estudo foi realizado com base na metodologia Delphi, um método sistemático e interativo baseado nas opiniões de um painel de especialistas na área de um tópico específico. Após várias rodadas com questionários, chega-se a um consenso sobre o tema. Foram duas rodadas efetuadas de fevereiro a abril de 2021.  

Participaram do estudo especialistas em UTIP, incluindo enfermeiros, médicos, pesquisadores, fisioterapeutas, especialistas em brincadeiras e terapeutas ocupacionais localizados na Europa, América do Norte, América do Sul, Ásia e Austrália.

Resultados

Os pesquisadores desenvolveram um questionário com base nos resultados de uma pesquisa bibliográfica abrangente nos domínios:  

  1. Apoio à cognição;  
  2. Suporte ao sono;  
  3. Apoio à atividade física.  

Sob esses domínios, foram listadas 11 estratégias para promover apoio com 61 intervenções. Os participantes avaliaram a viabilidade de cada intervenção em uma escala Likert de nove pontos (variando de 1 [“discordo totalmente”] a 9 [“concordo totalmente”]). O índice de discordância e a mediana do painel foram calculados para determinar o nível de concordância entre os especialistas.  

Na segunda rodada, os participantes reavaliaram as afirmações revisadas e classificaram as intervenções em cada domínio em ordem de importância para as faixas etárias: 0-2, 3-5 e 6-18 anos de idade.  

Durante a primeira rodada Delphi, 53 de 74 (72%) questionários foram preenchidos. Na segunda rodada, 45 de 74 (61%) foram preenchidos. Cinco das intervenções mais bem classificadas em todas as faixas etárias foram: 

  1. Desenvolver uma rotina diária; 
  2. Ajustar a exposição à luz de acordo com a hora do dia; 
  3. Programar o horário para dormir; 
  4. Fornecimento de óculos e aparelhos auditivos, se apropriado; 
  5. Incentivar a presença dos pais.  

 Conclusões

Neste relevante estudo, intensivistas pediátricos internacionais e interprofissionais identificaram intervenções não farmacológicas para o manejo do delirium que consistem em desenvolver uma rotina diária, ajustar a exposição à luz de acordo com a hora do dia, programar o horário para dormir, fornecer óculos e aparelhos auditivos, se apropriado, e incentivar a presença dos pais.

As intervenções dirigidas por enfermeiros com envolvimento dos pais são preferidas no manejo do delirium em pacientes de UTIP. O próximo passo, conforme descrito pelos pesquisadores, será o teste de viabilidade e estudo-piloto de um programa de manejo de delirium não farmacológico em UTIP (non-pharmacologic delirium management program-pediatric intensive care unit NDB-PICU), investigando o envolvimento dos pais na prática clínica, avaliação e implementação do bundle.

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Referências bibliográficas

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