Com a utilização cada vez maior do recurso de telemedicina em todos os âmbitos de assistência à saúde, este passou a ser cada vez mais disponível e essencial nos atendimentos em unidades básicas de saúde e unidades de Atenção Primária à Saúde.
Diversas novas publicações a respeito surgiram nos últimos meses, no contexto de pandemia por Covid-19, justamente por esse tipo de atendimento possibilitar a manutenção do isolamento domiciliar para os pacientes. Dentre elas, destaca-se o manual da Universidade de Oxford, focado na telemedicina na APS, orientando de forma prática a atuação do Médico de Família e Comunidade nos atendimentos à distância.
Telemedicina na Atenção Primária
Entre vários tópicos, o documento descreve um passo a passo para uma consulta por vídeo de qualidade.
Antes da consulta:
- Confirmar se a teleconsulta por vídeo é clinicamente adequada para o paciente no momento;
- Use um ambiente privado e bem iluminado, orientando o paciente a fazer o mesmo;
- Anote o telefone ou contato do paciente para o caso de o vídeo falhar;
- Tenha acesso ao prontuário eletrônico, de preferência em uma segunda tela;
- Verifique ao longo do dia se a tecnologia usada para a teleconsulta está funcionando.
Leia também: Telemedicina: como obter informações do exame físico em uma teleconsulta?
Iniciando a consulta:
- Inicie você o contato na consulta;
- Diga algo como “consegue me ver?” para que o paciente possa ajustar a conexão se necessário;
- Obtenha o consentimento verbal para a consulta;
- Apresente outros profissionais que possam estar no consultório e peça para o paciente fazer o mesmo em
- relação a acompanhantes, ou confirmar que está sozinho;
- Informe sobre o caráter confidencial da consulta, da mesma maneira que em uma consulta presencial;
Consultando:
- A comunicação por vídeo funciona da mesma maneira que a presencial, as pode haver falhas técnicas ou imagens borradas;
- Não é necessário olhar diretamente para a câmera: basta olhar para a tela;
- Informe ao paciente nos momentos em que for fazer anotações ou olhar informações, como exames, em outra tela;
- Registre a consulta da mesma maneira que em uma consulta presencial, no prontuário;
- Lembre-se de que a comunicação por vídeo é mais difícil para o paciente.
Encerrando a consulta:
- Sumarize os principais pontos abordados na consulta, principalmente levando-se em conta a possibilidade de que alguma informação tenha se perdido por interferência técnica;
- Verifique com o paciente se restaram dúvidas ou se necessita de mais algum esclarecimento;
- Confirme se o paciente se sentiria bem em usar novamente a teleconsulta e registre essa informação;
- Para finalizar, avise ao paciente que irá desligar e se despeça, antes de encerrar a consulta.]]
Veja mais: Telemedicina: em que situações posso utilizar teleconsultas na Atenção Primária?
Conclusões
A incorporação do recurso de teleconsultas pode fazer muito bem a um serviço de APS. Contudo, é importante o entendimento de que o processo é mais complexo do que a maioria dos profissionais muitas vezes acreditam e que passa por adaptações estruturais e de processos de trabalho.
O médico que irá iniciar a rotina de atendimentos por vídeo deve estudar as técnicas adequadas e se manter atualizado, tendo em vista que, como diz o documento da Universidade de Oxford, mais o que a implantação de uma nova tecnologia, o início da telemedicina deve ser encarado como uma mudança do serviço para melhor.
Referências bibliográficas:
- REENHALGH, T.; MORRISON, C.; HUAT, G. K. C. Trad. por Donavan de Souza Lúcio e Silva Costa. Consultas por vídeo: um guia prático. University of Oxford, 2020.
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