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Medicina de Família29 agosto 2022

A vacina BCG diminui o risco de tuberculose ao longo da vida?

A vacina BCG (vacina do bacilo Calmette–Guérin) é aplicadas em mais de 100 milhões de crianças todos os anos, inclusive no Brasil.

Por Renato Bergallo

Apesar dos números de vacinação, ainda existe um debate considerável sobre a efetividade da vacina BCG na prevenção da tuberculose e na diminuição da mortalidade, principalmente em crianças mais velhas e adultos. Para contribuir nesse sentido, um grupo internacional de pesquisadores buscou investigar o impacto, específico por idade, da vacinação com BCG em crianças no desenvolvimento e na mortalidade por tuberculose pulmonar e extrapulmonar.

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O estudo

Os autores realizaram uma revisão sistemática, com metanálise dos dados individuais dos participantes, de estudos disponíveis nas bases MEDLINE, Web of Science, BIOSIS, e Embase, sem restrições de linguagem, publicados entre janeiro de 1998 e abril de 2018. Buscaram por estudos de coorte de “caso-contato” sobre tuberculose, utilizando os termos “Mycobacterium tuberculosis”, “TB”, “tuberculose”, e “contato” e excluindo aqueles cuja informação sobre o status de vacinação para BCG encontrava-se indisponível ou aqueles realizados em países que não recomendam a BCG no nascimento. Foram solicitados, aos autores dos estudos elegíveis, dados individuais dos participantes, como características do “paciente índice”, do contato (paciente exposto) e do ambiente.

O desfecho primário foi o diagnóstico de tuberculose nos contatos expostos à doença e os desfechos secundários foram diagnóstico de tuberculose pulmonar e extrapulmonar e mortalidade. Após os devidos ajustes de variáveis, os resultados foram estratificados por idade e pelo status de infecção pelo Mycobacterium tuberculosis.

Resultados

Dos 26 estudos selecionados, realizados em 17 países, obteve-se um total de 68.552 participantes. Desses, 1.782 (2,6%) desenvolveram tuberculose — 1.309 (2,6%) entre os 49.686 vacinados com BCG e 473 (2,5%) entre os 18.866 não vacinados.

A efetividade geral da BCG contra todos os tipos de tuberculose foi de 18% (IC 95% 0,74 – 0,91). Quando estratificado por idade, a vacinação com BCG só protegeu de maneira significativa, contra todos os tipos de tuberculose, as crianças menores de cinco anos (IC 95% 0,49 – 0,81). Avaliando somente os contatos com teste tuberculínico positivo, a proteção ocorreu para participantes de todas as idades (IC 95% 0,69 – 0,96), inclusive menores de 5 anos (IC 95% 0,47 – 0,97) e entre 5 e 9 anos (IC 95% 0,38 – 0,99). Não houve efeito protetor entre aqueles com testes negativos, a não ser em menores de 5 anos.

Avaliando os 14 estudos de coorte com informações sobre se a tuberculose era pulmonar ou extrapulmonar, a BCG ofereceu proteção significativa contra a tuberculose pulmonar entre todos os participantes (IC 95% 0,7 – 0,94), mas não contra a tuberculose extrapulmonar.

Outro achado importante, entre os quatro estudos com dados de mortalidade, foi o da proteção significativa da BCG contra morte (IC 95% 0,13 – 0,49).

Saiba mais: Piomiosite Tuberculosa (PT): conheça a forma extrapulmonar da tuberculose

Mensagem prática

Esses resultados demonstram que a vacinação com BCG no nascimento é efetiva na prevenção de todos os tipos de tuberculose e de morte para crianças mais jovens (principalmente as menores de 5 anos), mas parece ser ineficaz para esses fins em adolescentes e adultos. Assim, os autores do estudo sugerem considerar reforços na imunização contra tuberculose em outros períodos após a infância.

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Referências bibliográficas

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