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Medicina de Emergência29 novembro 2016

Anafilaxia: três aspectos fundamentais para o tratamento adequado

Anafilaxia é uma reação multissistêmica grave, aguda e potencialmente fatal. O sucesso do tratamento depende de três aspectos fundamentais. Saiba tudo aqui.

Por Vanessa Thees

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Anafilaxia é uma reação multissistêmica grave, aguda e potencialmente fatal. Por ser uma emergência, o sucesso do tratamento depende do pronto reconhecimento do quadro clínico. Veja os aspectos fundamentais para o atendimento de um paciente em risco.

anafilaxia

As principais causas de anafilaxia são:

  • Alimentos
  • Venenos de inseto da ordem Hymenoptera
  • Medicamentos
  • Exercícios
  • Imunoterapia
  • Látex e hemoderivados
  • Contrastes
  • Idiopática

Os principais sinais e sintomas são:

tabela1
Tabela retirada do artigo ‘Guia Prático de Atualização’, da Sociedade Brasileira de Pediatria (https://www.sbp.com.br/src/uploads/2012/12/Alergia-GuiaPratico-Anafilaxia-Final.pdf)

 

Como falamos anteriormente, o pronto reconhecimento do quadro é fundamental para o sucesso do tratamento, que tem três aspectos fundamentais:

  1. Administração rápida de adrenalina: em função de sua ampla atuação sobre os mecanismos fisiopatológicos da anafilaxia, a adrenalina é considerada a droga de primeira linha para seu tratamento.
  2. Decúbito dorsal MMII elevados
  3. Manutenção adequada da volemia

Os principais agentes utilizados no tratamento agudo são:

AgenteDose e via de administraçãoComentários
Manter sinais vitaisChecar A (vias aéreas), B (respiração), C (circulação) e M (mente – sensório)Manter posição adequada (decúbito dorsal com MMII elevados)

Levantar-se ou sentar-se subitamente estão associados a desfechos fatais (síndrome do ventrículo vazio)

Adrenalina 1:1000 (1 mg/ml)Adultos/adolescentes: 0,2-0,5 mg (dose máxima) IM na face antero-lateral da coxa


Crianças: 0,01 mg/kg up até o máximo de 0,3 mg IM na face antero-lateral da coxa

Administrar imediatamente e repetir se necessário a cada 5-15 minutos. Monitorar toxicidade (frequência cardíaca).

Adrenalina em diluições 1:10.000 ou 1:100.000 somente devem ser administradas via EV nos casos de parada cardiorrespiratória ou profunda hipotensão que não respondeu à expansão do volume ou múltiplas injeções de epinefrina IM

Expansão de volume

Solução salina

Ringer Lactato

Adultos/adolescentes: 1-2 litros rapidamente EV


Crianças: 5-10 ml/kg EV nos primeiros 5 minutos e 30 ml/kg na primeira hora

Taxa de infusão é regulada pelo pulso e pela pressão arterial

Estabelecer acesso EV com o maior calibre possível. Monitorar sobrecarga de volume

OxigênioSob cânula nasal ou máscaraManter saturação de O2. Se saturação O2 < 95%, há necessidade de mais de uma dose de adrenalina
Beta-agonistas

Sulfato de Salbutamol

Via inalatória:

Aerosol dosimetrado com espaçador (100 mcg/jato)

Adultos/adolescentes: 4-8 jatos a cada 20 minutos

Crianças: 50 mcg/Kg/dose = 1 jato/2kg;

Dose máxima: 10 jatos

Nebulizador: solução para nebulização: gotas (5 mg/mL) ou flaconetes (1,25 mg/ml)

Adultos/adolescentes: 2,5-5,0 mg a cada 20 minutos, por 3 doses

Crianças: 0,07-0,15 mg/kg a cada 20 minutos, até 3 doses

Dose máxima: 5 mg

Para reversão do broncoespasmo

Existem diferentes concentrações e doses

Outros broncodilatadores beta-agonistas (ex: Fenoterol)

Anti-histamínicos

Prometazina

Difenidramina

Ranitidina

Adultos/adolescentes: 25-50 mg EV

Crianças: 1 mg/kg EV até máximo de 50 mg

Adultos/adolescentes: 12,5-50 mg EV até 10 minutos

Crianças: 1 mg/kg

Agentes anti-H1 associados a anti-H2 podem ser mais eficazes do que os anti-H1 isolados

Dose oral pode ser suficiente para episódios mais brandos

Papel na anafilaxia aguda ainda não bem determinado

Glicocorticosteroides

Metilprednisona,

Prednisona

1-2 mg/kg/dia EV

0,5-1 mg/kg/dia VO

Padronização de doses não estabelecida

*Tabela adaptada do artigo ‘Guia Prático de Atualização’, da Sociedade Brasileira de Pediatria

Take-home messages:

– Em casos leves, o paciente deve ficar sob observação clínica por, no mínimo, 6-8 horas; em casos graves, 24-48 horas.
– Em 10% dos casos, reações bifásicas podem ocorrer entre 8 e 12 horas após o episódio agudo.
– Indivíduos com asma mal controlada têm maior risco de reações fatais.
– Quanto mais a hipotensão se agrava na evolução da reação, menor será a resposta ao tratamento com adrenalina.
– É fundamental a orientação sobre a possibilidade de recorrência de sintomas até 12 horas após o episódio.

Referências:

 

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