Cálculos de via urinária são verdadeiros transtornos na vida de médicos e pacientes. O desconforto lancinante causado pelas famosas pedras no rins e ureter são parte do dia a dia de emergencistas, clínicos e urologistas. Muito além de uma rápida e eficaz analgesia, deve-se estabelecer um plano terapêutico para retirada do cálculo. Uma das medicações mais utilizadas na prática para auxiliar a eliminação destes cálculos é tansulosina, um alfabloqueador.
Estudos prévios do uso de tansulosina sugeriram não haver benefício para facilitar a passagem de cálculos ureterais com menos de 10 mm. Agora, pesquisadores conduziram uma revisão sistemática e meta análise de diversos ensaios clínicos randomizados do medicamento, estratificando os resultados por tamanho do cálculo (< 4mm vs. 4 a 10mm).
Tansulosina na passagem de cálculos
Foram analisados oito estudos randomizados, incluindo 1.384 pacientes, com cálculos menores que 10mm. Pacientes receberam tansulosina (0,4 mg/dia) ou placebo por 3, 4 ou 6 semanas. Aproximadamente em 85% dos casos as pedras foram eliminadas com tansulosina vs. 66% dos pacientes utilizando placebo, uma significante diferença de risco de 17%. Não houve diferença significativa em sintomas como tonteira e hipotensão ortostática entre grupos.
Quiz: por que esses cálculos são negros?
Quando analisado dados dos subgrupos não houve diferença na progressão de pedras em pacientes com cálculos < 4mm (diferença de risco 0%), porém houve uma diferença significativa no subgrupo 4 a 10 mm (diferença de risco de 22%, NNT = 5).
Esta revisão sistemática demonstra que o pacientes com cálculos 4 a 10mm se beneficiam significativamente do uso de tansulosina. Pacientes com cálculos menores que 4mm não se beneficiam, e pacientes com cálculos maiores que 10 mm dificilmente excretam seus cálculos sem uma intervenção urológica. Nestes casos, médicos emergencistas devem chamar o sobreaviso ou consulta externa do urologista o quanto antes.
Diretrizes
As diretrizes das principais sociedades reconhecem o uso off-label de alfa-bloqueadores como uma opção de tratamento inicial para pacientes com pedras ureterais recentemente diagnosticadas, não complicadas e com < 10 mm de tamanho, cujos sintomas são controlados.
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Pedra nos rins
Alguns casos de cálculos de via urinária são completamente assintomáticos, e sua presença é detectada em exames de rotina ou durante a investigação de outras doenças. A presença de sintomas como dor e disautonomia são decorrentes da obstrução da via urinária pelo cálculo impactado.
Os fatores de risco são:
- Hipercalciúria;
- Hiperoxalúria;
- Hipocitratúria;
- História familiar;
- Hipertensão arterial;
- Diabetes;
- Obesidade;
- Gota;
- Dieta de risco (baixo consumo de cálcio dietético, alto consumo de oxalato dietético, alto consumo de proteína animal, alto consumo de sódio e baixo consumo de líquidos).
O diagnóstico deve ser confirmado por exame de imagem (TC abdominopélvica sem contraste) e exames laboratoriais (urinálise, ureia e creatinina, eletrólitos, PTH e ácido úrico na presença de vômitos e alteração na função renal, proteína C-reativa e hemograma completo na presença de febre) devem ser solicitados. Saiba mais no Whitebook!
Referências:
- Wang RC et al. Effect of tamsulosin on stone passage for ureteral stones: A systematic review and meta-analysis. Ann Emerg Med 2016 Sep 8; [e-pub]. (https://dx.doi.org/10.1016/j.annemergmed.2016.06.044)
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