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Pediatria19 setembro 2022

O que preciso saber para o atendimento de asfixia perinatal?

A asfixia perinatal é causada pela troca gasosa prejudicada ou fluxo sanguíneo inadequado no feto devido a um insulto hipóxico-isquêmico.

A asfixia perinatal é causada pela troca gasosa prejudicada ou fluxo sanguíneo inadequado no feto devido a um insulto hipóxico-isquêmico que ocorre no periparto ou intraparto. 

No mundo, por ano, 1,15 milhão de recém-nascidos (RN) é acometido por asfixia perinatal, sendo essa doença a terceira causa mais comum de óbito neonatal e principal causa de crise convulsiva em neonatos. No Brasil, dois RN nascem com falta de oxigenação cerebral por hora. 

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A falta de oxigênio no período perinatal pode evoluir com falência de múltiplos órgãos, principalmente comprometimento neurológico, levando a encefalopatia hipóxico-isquêmica, com sequelas que vão desde disfunção visual, deficiência motora, comprometimento de memória, até paralisia cerebral, retardo mental e morte. 

Sabe-se (por várias metanálises) que a hipotermia terapêutica é segura e eficaz na redução de mortalidade e sequelas.

Devido a esses importantes desfechos, foi criada a “Campanha Nacional de Conscientização sobre Asfixia Perinatal”. 

Com o objetivo de padronizar o atendimento ao RN com asfixia perinatal, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Fundação Oswaldo Cruz, o Instituto Nacional de Saúde da Criança, da Mulher e do Adolescente Fernandes Figueira, a Estratégia Qualineo, o Grupo Neonatologia Brasil e o Instituto Protegendo Cérebros Salvando Futuros elaboraram um documento científico contendo “Dez Passos Básicos no Atendimento ao RN com Asfixia Perinatal.”  

Saiba também: Prevalência e mortalidade por pneumotórax de acordo com idade gestacional em recém-nascidos

Setembro Verde Esperança: mês de conscientização sobre a asfixia perinatal 

Os dez passos estão listados a seguir: 

  1. Siga as diretrizes do Programa de Reanimação Neonatal da SBP. Lembre-se de controlar a temperatura na sala de parto para que fique entre 23 e 26 °C.
  2. Colete gasometria do cordão ou do RN dentro da primeira hora de vida na suspeita de evento perinatal agudo, suspeita de insulto hipóxico-isquêmico ou se for necessária a reanimação neonatal. Realize, já dentro da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), uma avaliação neurológica. Recomenda-se o uso do Escore de Sarnat. Atente para acidose grave (pH < 7,0 ou BE < -16) e lembre-se que não é recomendado o uso de bicarbonato de sódio (pois aumenta a mortalidade neonatal). 
  3. Previna a hipo ou hipertermia. A normotermia deve ser preconizada para a avaliação clínica e neurológica.
  4. É necessário um acesso venoso central, de preferência cateter umbilical arterial e venoso, importantes para coletar exames, monitorar pressão arterial invasiva e infundir fluidos. 
  5. Recomenda-se restrição hídrica com taxa hídrica diária inicial entre 40 e 60 mL/kg/dia. Lembre-se de ajustar a taxa hídrica de acordo com o balanço hídrico a cada 12 horas.
  6. Evite expansão volumétrica, essa só é considerada em poucas exceções, como nos casos de hipovolemia documentada. Sabe-se que a sobrecarga hídrica está relacionada a aumento de morbidade e edema cerebral.
  7. Controle distúrbios hidroeletrolíticos e de glicose. Atente também para índices hematimétricos e coagulograma com plaquetas. É comum anemias e discrasias sanguíneas, e hemotransfusões podem ser necessárias.
  8. Atente para a pressão arterial. Solicite ecocardiograma e avalie a necessidade de aminas. 
  9. Evite hipóxia e hiperóxia. Para isso considere suporte ventilatório e tente manter saturação entre 90 a 95% com gasometria arterial normal.
  10. O tratamento preconizado é a hipotermia terapêutica, que deve ser iniciada nas primeiras 6 horas de vida do RN com suspeita de encefalopatia moderada ou grave, a fim de reduzir a morbimortalidade. Tente manter a temperatura corporal em 33,5 °C por 72 horas e, após, reaqueça o RN de forma lenta e gradual em torno de 0,2 a 0,5 °C por hora. Se possível, realizar neuromonitorização com eletroencefalograma contínuo ou de amplitude integrada, pois a maior parte das crises convulsivas no período.

A hipotermia terapêutica é a única intervenção comprovada para encefalopatia neonatal que reduz o risco de paralisia cerebral. Esta, é indicada como tratamento padrão para neonatos com EHI moderada a grave. Devendo ser iniciada nas primeiras 6 horas de vida e continuada por 72 horas na temperatura alvo de 33,5 °C. 

Leia mais: Neobrain Brasil 2019: hipotermia terapêutica em neonatologia

Mensagem final

Graças ao advento da hipotermia terapêutica, a morbimortalidade reduziu e os resultados de desenvolvimento em longo prazo para bebês com asfixia perinatal melhoraram. 

 

Para saber mais, acesse:

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Referências bibliográficas

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