Logotipo Afya
Anúncio
Medicina de Emergência1 janeiro 2019

NEWS x qSOFA: qual é o melhor para identificar o paciente de alto risco

Um estudo recente comparou o qSOFA com o NEWS, um escore já bastante conhecido, para identificar pacientes de alto risco para eventos adversos e óbito. Confira os resultados

Por Ronaldo Gismondi

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

O qSOFA foi desenvolvido como um escore para identificar, entre os pacientes com sepse, aqueles de alto risco para morte fora da unidade de terapia intensiva. A ideia é ser rápido e simples, sendo composto de três parâmetros:

  • Frequência respiratória ≥ 22 irpm
  • Confusão mental
  • PA sistólica ≤ 100 mmHg

Contudo, estudos de validação questionam se de fato o qSOFA é capaz mesmo de identificar com precisão esses pacientes de alto risco. Um parâmetro estatístico muito usado para ajudar a avaliar a acurácia de um teste é o area under the receiver operating curve (AUROC) de um gráfico entre sensibilidade (verdadeiro positivo) e (1-especificidade ou falso-positivo). Quanto mais próximo de 1,0, melhor o desempenho do teste.

Em um estudo recente, 240 mil admissões hospitalares em enfermaria/quarto foram estudados no Reino Unido. Os pesquisadores incluíram pacientes com e sem infecção, tanto clínico como cirúrgicos. Eles compararam o qSOFA com o NEWS, um escore já bastante conhecido e validado para identificar pacientes de alto risco para eventos adversos e óbito nos hospitais.

A idade média dos participantes foi 63 anos e a mortalidade hospitalar 2,8%. Metade dos pacientes foi internada por doenças clínicas e a outra metade por patologias cirúrgicas. Tendo como desfecho a mortalidade hospitalar, o desempenho da AUROC do qSOFA foi 0,681 vs 0,825 do NEWS. Analisando as admissões por infecção, clínicas e cirúrgicas, o resultado foi mantido, com melhor desempenho do NEWS.

Leia mais: Escores SOFA x qSOFA na sepse

Qual a mensagem então? O melhor resultado do NEWS é de certa forma esperado pois ele contém mais variáveis, o que facilita melhor precisão/estratificação de risco. O que o estudo questiona é se vale a pena introduzir um novo escore, com necessidade de treinamento e mais preenchimento burocrático, a hospitais, no caso do Reino Unido, que já usam um modelo bom e que funciona.

NEWS Score

3210123
FR≤ 89-1112-2021-24≥ 25
Oximetria≤ 9192-9394-95≥ 96
Oxigênio?SimNão
Temp.≤ 35,035,1-3636,1-3838,1-39≥ 39,1
PA Sist≤ 9091-100101-110111-219≥ 220
FC≤ 4041-5051-9091-110111-130≥ 131
Consciência*AV, P ou U

*Eles usam o AVPU, parecido com Glasgow: A (alerta), V (responde comando verbal), P (responde a dor) ou U (unresponsive).

  • 1-4: atenção, avalie monitoramento mais frequente, avaliação pela enfermeira.
  • 5-6: código vermelho, chame o médico do andar
  • ≥7: emergência – chame o time de resposta rápida (TRR)

Lembrando que se um único sinal vital também pontuar 3, aciona o código vermelho mesmo que a soma não dê 5 ou 6.

É médico e também quer ser colunista do Portal da PEBMED? Inscreva-se aqui!

Referências:

  • REDFERN, Oliver C. et all. A Comparison of the Quick Sequential (Sepsis-Related) Organ Failure Assessment Score and the National Early Warning Score in Non-ICU Patients With/Without Infection. Critical Care Medicine. 46(12):1923–1933, DEC 2018. Doi: 10.1097/CCM.0000000000003359

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Terapia Intensiva