Manejo de trauma em adultos
Falhas de protocolos podem aumentar o número de lesões não identificadas. Saiba mais sobre como atender esse perfil de paciente.
O atendimento do trauma possui várias fases de manejo e entre a pré-hospitalar e a fase hospitalar. Mesmo ao atender um politrauma no período hospitalar, existem rotinas que devem ser adotadas e falhas destes protocolos podem aumentar o número de lesões não identificadas especialmente em pacientes que foram submetidos ao controle de dano.
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Trauma na fase pré-hospitalar
Todo o atendimento pré-hospitalar é gerenciado pelas autoridades locais e envolve diversas estratégias na abordagem. Essas estratégias levam em consideração aspectos como o número de profissionais médicos e paramédicos envolvidos e disponíveis, número de ambulância e hospitais, distância até o centro de politrauma, entre outros. Independente disso, todos seguem o roteiro de atendimento ao politrauma do ATLS ® (Advanced Trauma Life Support), que é conhecido como ABC do trauma.
A roteirização do atendimento ao politrauma, permite que as falhas sejam minimizadas visto que uma série de checagens são feitas ao longo do atendimento. Lembramos que o atendimento ao trauma é sempre dramático, visto que envolve vítimas que estavam na plenitude de sua vida e mais frequente em idades jovens. Em resumo o roteiro inicial do ATLS ® e:
- Vias aéreas e respiração: observar se há alguma obstrução a respiração assim como o padrão respiratório.
- Circulação: examinar o paciente em busca de pulso e aferir seus status circulatório,
- Exame neurológico e exposição do paciente: após a avaliação e estabilização inicial expor o paciente em busca de outras lesões.
As etapas são dinâmicas e com uma equipe bem treinada, pode atuar em todas as etapas com uma mínima perda de tempo, para que o paciente seja transportado de forma eficaz até o centro de trauma.
Trauma na fase hospitalar
É nesta fase onde a maior parte dos acadêmicos de medicina, residentes e médicos irão atuar durante as diversas etapas de atendimento. Assim como na fase pré-hospitalar se seguem as mesmas etapas do atendimento, porém se aprofundando cada vez mais nos detalhes.
Naqueles pacientes que já chegaram intubados, o posicionamento do tubo oro traqueal deve ser confirmado pois pode ter ocorrido algum desposicionamento durante o transporte. De maneira simultânea e com auxílio de outros membros da equipe deve-se buscar informações adicionais do mecanismo de trauma e também uso de substâncias que possam alterar o estado neurológico do paciente assim como os antecedentes médicos da vítima.
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Durante a sala de emergência será definida a solicitações de exames pertinentes, assim como a conduta a ser adotada, que pode ser operatória ou não. Uma vez definida a conduta e o paciente internado e é fundamental que a equipe que recebe na unidade de internação refaça todos os passos da conduta de atendimento ao trauma.
O mais importante neste momento é a busca por lesões que possam ter passado despercebida nas fases de atendimento inicial, onde o paciente está mais instável e a emoção do momento pode dificultar o diagnóstico das lesões secundárias. Isto é especialmente frequente quando o paciente é submetido a procedimentos de controle de dano, onde a urgência da necessidade de atuação médica praticamente impede a execução de um exame físico mais minucioso.
É neste terceiro período que os exames devem ser repetidos e comparados com aquele da admissão para verificar a necessidade de alguma intervenção. Também é fundamental o manejo e prevenção de lesões secundárias, como injúrias renais agudas e síndromes compartimentais, seja ela de membros e/ou intra abdominal. Lesões tardias relacionadas ao trauma ocorrem com grande frequência e são grandes causadoras de morbi/mortalidade. O bom atendimento ao trauma perpetua além da sala de trauma, continuando por toda a internação hospitalar.
Para levar para casa
O manejo do trauma com seus protocolos têm mostrado que o uso de roteiros e a repetição dos mesmos ao longo de toda a assistência melhora o desfecho. Para isso, é fundamental a integração entre todos os membros da equipe e que uma mesma rotina seja seguida ao longo dos plantões.
Nada adianta se a cada mudança de plantão as condutas são díspares. Portanto, para um completo atendimento ao trauma é fundamental que todo o hospital atue de forma uníssona.
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