Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.
Falhas de comunicação são um evento frequente no hospital e trazem risco à saúde dos pacientes. As situações mais comuns são: (1) uma informação não transmitida, (2) uma informação foi recebida de modo impreciso, deixou dúvidas ou (3) a informação foi transmitida mas não recebida. Por isso, a maior parte dos comitês de acreditação e qualidade trabalha com medidas para melhorar a passagem de informações. A meta é que a comunicação seja clara, concisa, completa e uniforme.
A metodologia SBAR é originária da indústria e foi adaptada para facilitar a troca de plantão, a transferência de pacientes entre as unidades de um hospital (transferência interna) e a comunicação entre equipe multiprofissional. Todavia, principalmente em hospitais universitários e naqueles com residência médica, este modelo pode ser adaptado para tornar a resposta de um parecer mais eficaz, melhorando a passagem do plano terapêutico e reduzindo a perda de tempo.
O primeiro passo é ler o motivo do chamado, do parecer. A seguir, colete informações disponíveis no prontuário. Examine o paciente e complemente analisando os exames complementares e a prescrição. Decida então as medidas a serem tomadas, o plano terapêutico, seja ele investigativo, de tratamento ou ambos. E agora, o ponto crítico, organize a transmissão dessas informações a quem te pediu:
S: situação |
B: background |
A: avaliação |
R: recomendações |
Situação
Descreve o cenário do paciente: o que vem acontecendo com ele e porque te chamaram. Nesta fase, não use apenas o pedido do parecer. Vá ao prontuário e, principalmente, avalie o paciente.
Background
É a história resumida do paciente. Comorbidades importantes e eventos prévios devem estar registrados aqui.
Avaliação
É sua impressão atual, com dados do exame físico e de exames complementares pertinentes ao caso. Interprete os resultado e não deixe apenas a descrição dos achados.
Recomendações
Defina seu plano terapêutico. Quais exames ou procedimentos devem ser feitos, mudanças nas prescrições.
Vejamos abaixo um exemplo em um hospital universitário, no qual um clínico é chamado a avaliar um paciente cirúrgico, em pós-operatório, com febre e dispneia.
Situação: idoso, 80 anos, no 2º dia de pós-operatório de hemicolectomia com anastomose primária, apresentando febre 38ºC e dispneia. Há, ainda, tosse produtiva, com secreção clara.
Background: enterorragia há 6 meses, ocasião na qual realizou colonoscopia e diagnosticou adenocarcinoma de cólon, motivo da cirurgia atual. Hipertenso e portador de doença renal crônica, fazia uso regular de losartana e furosemida.
Avaliação: Sinais vitais. Lúcido, hipocorado, hidratado, ausência de turgência jugular. Ausculta cardíaca normal. Estertores na base pulmonar direita. Abdômen com leve distensão, peristalse presente. Panturrilhas sem empastamento.
ECG em ritmo sinusal, morfologia normal.
Quadro sugestivo de pneumonia.
Recomendações: deve-se coletar hemocultura, hemograma + PCRt e realizar radiografia de tórax. Iniciar hidratação venosa e antibioticoterapia empírica imediata com cefuroxime.
Nossa sugestão é levar esta metodologia ao seu serviço e trazer sua experiência, deixando aqui um comentário!
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.