O surto global causado pelo vírus Monkeypox (MPXV) se tornou uma emergência de saúde pública devido a sua grande disseminação e acometimento de milhares de pessoas pelo mundo, incluindo todas as faixas etárias, com gravidade expressiva em pacientes pediátricos. Recentemente, membros do National Health Service (NHS) de Londres relataram um caso de MPVX neonatal, segue a descrição do caso:
A queixa inicial foi de erupção cutânea de aspecto vesicular aos nove dias de vida, inicialmente na palma das mãos e dos pés com posterior progressão para o tronco e face e tornando-se crostosa (figura 1). Avaliando história pregressa, o pai havia apresentado um quadro febril nove dias antes do parto seguido também de lesões dermatológicas difusas, que desapareceram antes do nascimento do bebê. Quatro dias antes do parto a mãe também havia apresentado erupções dermatológicas. Não havia história de viagens recentes para outros países.
A criança evoluiu com progressivo desconforto respiratório com necessidade de suporte em unidade de terapia intensiva pediátrica (UTIP) devido insuficiência respiratória. Uma ampla investigação diagnóstica foi realizada e excluídos outras infecções como varicela neonatal,infecção pelo herpes vírus simplex, pelo vírus coxsackie ou enterovírus, infecção cutânea estafilocócica, sarna, sífilis e gonorreia.

Diagnóstico e evolução
Alguns achados do exame físico com linfadenopatia axilar, o aspecto das lesões dermatológicas e o contexto epidemiológico em relação aos sintomas apresentados pelos pais, fizeram os médicos assistentes pensar na possibilidade de varíola. Nesse contexto, amostras de sangue, urina e esfregaço da orofaringe foram coletadas e submetidas ao teste de reação de cadeia de polimerase (PCR), levando a confirmação diagnóstica para MPVX (clade IIB), concomitantemente a positividade para adenovírus no trato respiratório.
Houve necessidade de maior suporte respiratório, com intubação orotraqueal (IOT). Foi administrado tecovirimat enteral (50 mg duas vezes ao dia) associado a cidofovir intravenoso. Após quatro semanas na UTIP, sendo quatorze dias em IOT, a criança se recuperou e recebeu alta para o domicílio.
Caso clínico: veja como usar o DDX na prática
São raros os casos de MPVX em pacientes no período neonatal. Neste caso, houve uma provável transmissão intrafamiliar periparto, porém uma deve ser considerada a possibilidade de transmissão vertical. Por se tratar de um relato de um único caso, não é possível atribuir todo o curso da doença apenas a um dos agentes etiológicos isolados, porém devemos considerar fortemente a possibilidade de MPVX em pacientes com erupções cutâneas no atual contexto epidemiológico.
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