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Pediatria30 junho 2022

Associação da vacinação contra COVID-19 durante a gravidez com incidência de infecção por SARS-CoV-2 em lactentes

A vacinação contra covid-19 em grávidas pode diminuir as chances de manifestação da doença em recém-nascidos, indica um estudo norueguês.

Um estudo de coorte norueguês, publicado em junho deste ano, sugeriu que a vacinação para COVID-19 durante a gravidez estava associada a um risco reduzido do lactente ter um teste PCR positivo para SARS-CoV-2 durante os primeiros quatro meses de vida.  

Essa associação esteve presente em períodos dominados pelas variantes Delta e Ômicron, embora fosse mais forte na primeira. Os resultados foram robustos nas análises de sensibilidade, embora o número de casos durante o período dominado pela Delta tenha sido baixo em alguns dos subgrupos.  

Leia também: A associação covid-19 e diabetes mellitus gestacional aumenta o risco de desfechos desfavoráveis

É esperado que a vacinação materna com COVID-19 durante a gravidez possa reduzir o risco infantil de COVID-19, pois benefícios protetores semelhantes contra infecção infantil foram documentados para a vacinação contra coqueluche e influenza durante a gravidez em ensaios clínicos randomizados e estudos observacionais.

O objetivo deste estudo foi determinar se a vacinação contra a COVID-19 durante a gravidez foi associada à redução do risco dessa doença em lactentes de até quatro meses de idade. 

Método

A população estudada incluiu todos os recém-nascidos (RN) vivos do Registro Médico de Nascimento da Noruega entre 1º de setembro de 2021 e 28 de fevereiro de 2022, durante os quatro primeiros meses de vida. E comparou a vacinação materna com a vacina contendo RNA mensageiro (mRNA) durante o segundo ou terceiro trimestre a nenhuma vacinação antes ou durante a gravidez.

As mulheres que receberam uma segunda ou terceira dose de uma vacina mRNA após 83° dia gestação e até 14 dias antes do parto foram consideradas vacinadas. Os bebês nascidos de mulheres que receberam a terceira ou quarta dose da vacina entre 13 e sete dias antes do nascimento foram excluídos, pois seriam censurados antes do nascimento nas análises estatísticas. Foram excluídas mulheres vacinadas exclusivamente antes da gravidez ou que receberam apenas a dose 1 durante a gestação, pois o nível de anticorpos maternos e a possível transferência transplacentária de anticorpos para esses cenários são incertos.  

Foram incluídos o primeiro teste PCR positivo para SARS-CoV-2 registrado pelo menos um dia após o nascimento e dentro de 122 dias após o nascimento (quatro meses de idade). Da mesma forma, foram identificadas mulheres com teste positivo para SARS-CoV-2 14 dias ou mais antes do parto. Na Noruega, os testes de PCR eram gratuitos e amplamente disponíveis. 

Resultados

De 21.643 bebês nascidos vivos, 9.739 (45%) nasceram de mães que receberam uma segunda ou terceira dose de uma vacina contra a COVID-19 durante a gravidez. A taxa de incidência nos primeiros quatro meses de vida de um teste positivo para SARS-CoV-2 foi de 5,8 por 10.000 dias de acompanhamento. Os bebês de mães vacinadas durante a gravidez tiveram um risco menor de um teste positivo em comparação com bebês de mães não vacinadas e menor risco durante o período dominado pela variante Delta (taxa de incidência, 1,2 vs 3,0 por 10.000 dias de acompanhamento; razão de risco ajustada (adjusted hazard ratio [aHR], 0,29 ; intervalo de confiança de 95% [IC 95%], 0,19-0,46) em comparação com o período Ômicron (taxa de incidência, 7,0 vs 10,9 por 10.000 dias de acompanhamento; aHR, 0,67; IC 95%, 0,57-0,79). 

Um outro dado secundário importante foi que a proporção de bebês hospitalizados com COVID-19 como diagnóstico principal antes dos quatro meses de idade ou 4 de abril de 2022 foi de 0,07%. 

Entre 824 bebês nascidos de mulheres que receberam sua terceira dose de vacina durante a gravidez, nenhum teve um teste positivo para SARS-CoV-2 durante o período dominado pela Delta. O risco de um teste positivo foi menor para o período dominado pela Ômicron para aqueles com uma terceira dose (aHR, 0,22; IC 95%, 0,12-0,43) em comparação com aqueles com uma segunda dose (aHR, 0,70; IC 95%, 0,59 -0,83).  

Neste estudo de coorte nacional de base populacional norueguês, os pesquisadores descobriram  que bebês nascidos de mulheres que receberam uma segunda ou terceira dose de vacina contra a COVID-19 durante os últimos dois trimestres de gravidez tiveram uma incidência menor de infecção por SARS-CoV-2 nos primeiros quatro meses de vida em comparação com bebês nascidos de mulheres não vacinadas.

A redução no risco de infecção infantil foi maior durante o período dominado pela Delta em comparação com o período dominado pela Ômicron. Os resultados deste estudo fornecem evidências iniciais para sugerir que os bebês se beneficiam da proteção passiva contra a infecção por SARS-CoV-2 após a vacinação materna contra a COVID-19 durante a gravidez.

As conclusões desse estudo são de importantíssima relevância, recomendando que gestantes recebam a vacinação contra a COVID-19 para reduzir o risco de doença grave em bebês.

*Esse texto foi revisado pelos médicos do Portal PEBMED. 

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