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Infectologia19 maio 2021

Você conhece a síndrome pós-Covid-19?

Um número crescente de pacientes experimentam sintomas e problemas crônicos meses pós-infecção pelo novo coronavírus, causador da Covid-19.

Por Hiago Bastos

Ao longo desse mais de um ano de evolução no conhecimento sobre a pandemia de Covid-19, estamos hoje nos deparando não só com ondas sucessivas de casos agudos com demandas por terapia intensiva crescentes, mas também com um número crescente de pacientes que experimentam sintomas e problemas crônicos de saúde que duram meses. Termos como Covid-19 pós-aguda ou Covid-19 crônica começaram a aparecer na literatura global, sugerindo o crescente interesse pela comunidade médica mundial sobre o tema.

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Um estudo de coorte observacional envolvendo 38 hospitais em Michigan nos Estados Unidos, avaliou os resultados de 1.250 pacientes que receberam alta hospitalar, utilizando dados de prontuário médico e entrevista por telefone após 60 dias da alta.

Mas quais seriam os principais sistemas comprometidos após o Covid-19 e como lidar com eles?

Você conhece a síndrome pós-Covid-19?

Quais as principais sequelas identificadas após a Covid-19

Respiratório: A persistência da dispneia aos esforços que pode ou não vir acompanhada de hipoxemia crônica com redução das capacidades pulmonares e de difusão, bem como apresentação semelhante à doença pulmonar restritiva é comum. Os achados de imagem podem persistir por semanas após a alta e devem ser acompanhados de perto.

A avaliação desses pacientes através de testes como a oximetria de pulso, tomografia de tórax e funcionalmente com o Peak Flow Test em conjunto com o Teste de caminhada de 6 minutos são estratégias interessantes no seguimento desses pacientes.

Hematológico: Não conhecemos ainda a extensão temporal do estado hiperinflamatório e de hipercoagulabilidade que esses pacientes apresentam. Estudos relatam a ocorrência de eventos tromboembólicos em cerca de 5% dos pacientes após a alta, com até 3 meses de evolução.

A avaliação individual desses casos é recomendada. Em pacientes portadores de d-dímero persistentemente elevado, doença oncológica de base ou histórico prévio de doença trombótica, a profilaxia estendida pode ser considerada por mais três meses.

Hematológico: Não conhecemos ainda a extensão temporal do estado hiperinflamatório e de hipercoagulabilidade que esses pacientes apresentam. Estudos relatam a ocorrência de eventos tromboembólicos em cerca de 5% dos pacientes após a alta, com até 3 meses de evolução.

A avaliação individual desses casos é recomendada. Em pacientes portadores de d-dímero persistentemente elevado, doença oncológica de base ou histórico prévio de doença trombótica, a profilaxia estendida pode ser considerada por mais três meses.

Cardiológico: Os sintomas mais relatados são dispneia e dor torácica. Estudos já comprovaram o aumento persistente da demanda metabólica desses pacientes e presença de cicatrizes no miocárdio, que predispõem a arritmias.

Pacientes com esses sintomas devem ser avaliados rotineiramente através de ecocardiografia, eletrocardiografia e avaliações seriadas por um cardiologista.

Neurológico: Pacientes experimentam uma série de sintomas após a alta. Os mais comuns são fadiga, mialgias, cefaleia, anosmia, disfunção cognitiva e problemas de memória. Até 40% dos pacientes desenvolvem transtorno de ansiedade e/ou depressão.

O acompanhamento neuropsiquiátrico é vital no seguimento dos pacientes após a alta. Uma série de medidas não farmacológicas durante a internação como a presença de um familiar de referência e a presença de relógios visíveis ao leito são de grande valia na prevenção desses transtornos.

Saiba mais: Cetoacidose diabética em crianças durante a pandemia de Covid-19

Dermatológico: Mais de 20% dos pacientes relatam a perda de cabelo de forma significante após a alta. Outras alterações cutâneas como a presença de reações urticariformes também são relatadas.

A condução desses pacientes envolve o acompanhamento por um dermatologista e uma avaliação de deficiências nutricionais, como vitaminas e oligoelementos, que podem potencializar os efeitos deletérios.

Conclusão

A Covid-19 é uma doença aguda, grave e com um padrão de sequelas crônicas que precisam de acompanhamento especializado ao longo de semanas ou meses. A abordagem multidisciplinar é fundamental na reabilitação e deve incluir diversos profissionais que, somados, entregarão a melhor estratégia de reabilitação para o precoce retorno do paciente às suas atividades habituais.

Referências bibliográficas:

  • Zhu N, Zhang D, Wang W, Li X, Yang B, Song J, et al. A novel coronavirus from patients with pneumonia in China, 2019. N Engl J Med. 2020;382(8):727–33.
  • Nalbandian A, Sehgal K, Gupta A. et al. Post-acute Covid-19-19 syndrome. Nat Med. 2021;27, 601–615. doi: 10.1038/s41591-021-01283-z.
  • Chopra V, Flanders AS, O’Malley M. Sixty-day outcomes among patients hospitalized with Covid-19. Ann. Intern. Med. 2020. doi: 10.7326/M20-5661.

 

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