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Ginecologia e Obstetrícia24 fevereiro 2025

Vacina contra o vírus sincicial respiratório

Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) ao SUS para gestantes

O Ministério da Saúde anunciou em 13 de fevereiro de 2025 a incorporação de duas tecnologias contra o vírus sincicial respiratório (VSR) ao Sistema Único de Saúde (SUS). As tecnologias incluem o anticorpo monoclonal nirsevimabe, indicado para a proteção de bebês prematuros e crianças com até 2 anos que tenham comorbidades, e a vacina recombinante contra os vírus sinciciais respiratórios A e B, administrada em gestantes para garantir proteção aos bebês nos primeiros meses de vida. Ambas as tecnologias foram avaliadas durante a 137ª Reunião Ordinária da Conitec, que destacou o impacto positivo dessas medidas na prevenção de hospitalizações e óbitos infantis. 

Estudos apresentados à Conitec indicam que a vacina para gestantes tem potencial para evitar cerca de 28 mil internações anualmente. A estratégia combinada deverá beneficiar cerca de 2 milhões de bebês em seus primeiros meses de vida, período em que estão mais vulneráveis a complicações respiratórias. 

vacina

Vírus Sincicial Respiratório  

O vírus sincicial respiratório (VSR) está entre as principais causas de infecções respiratórias em recém-nascidos e crianças pequenas, especialmente bebês. É um dos principais agentes associados à bronquiolite, condição caracterizada pela inflamação dos bronquíolos. Outros vírus, como influenza, parainfluenza e adenovírus, também podem desencadear bronquiolite. 

A primeira infecção pelo VSR costuma ocorrer nos primeiros dois anos de vida, e as reinfecções podem acontecer ao longo de toda a vida, pois a imunidade adquirida é incompleta. Quanto mais jovem a criança, maior a possibilidade de complicações, hospitalizações e risco de óbito. 

Em adultos, o VSR também pode causar quadros graves, especialmente em indivíduos com doenças crônicas preexistentes, como cardiopatias, pneumopatias, diabetes, hepatopatias e nefropatias. As complicações tendem a ser mais frequentes em pessoas com 60 anos ou mais. 

Vacina contra o VSR  

A vacina Abrysvo® (Pfizer) foi licenciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para administração em gestantes de até 49 anos de idade, com idade gestacional entre 24 e 36 semanas. Em 2023, a Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, aprovou seu uso entre 32 e 36 semanas. Na Europa, a European Medicines Agency (EMA) autorizou a vacina para gestantes entre 24 e 36 semanas. No Reino Unido, a recomendação é a partir da 28ª semana, enquanto na Argentina, a vacina é aplicada a partir da 24ª semana de gestação. 

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda a vacinação entre 32 e 36 semanas de gestação, pois os estudos indicam uma eficiência ligeiramente maior quando administrada a partir da 32ª semana, em comparação à 24ª semana. Ademais, no estudo pivotal de licenciamento da vacina, houve um leve aumento nos casos de prematuridade no grupo vacinado em relação ao grupo placebo, embora sem relevância estatística. No entanto, o médico responsável pelo acompanhamento da gestante pode indicar a vacina a partir da 24ª semana, considerando um possível risco de parto prematuro. Nesse caso, a vacinação deve ocorrer com antecedência mínima de 14 dias antes do parto, permitindo tempo suficiente para a produção e transferência de anticorpos ao feto. 

Essa vacina é do tipo recombinante inativada, o que significa que não tem potencial de causar a doença. Seu mecanismo de ação baseia-se na glicoproteína F do VSR, estabilizada na conformação de pré-fusão, o que melhora a exposição de epítopos ao sistema imunológico. 

Recomendações práticas 

  • A SBIm recomenda a vacinação entre 32 e 36 semanas de gestação, independentemente da sazonalidade; 
  • A Abrysvo® está licenciada pela Anvisa a partir da 24ª semana de gestação, cabendo ao médico avaliar sua aplicação antes das 32 semanas; 
  • Não há recomendação para vacinação após a 36ª semana, pois a imunização materna só protege efetivamente o recém-nascido se ocorrer ao menos 14 dias antes do parto. Estudos indicam que quanto maior o intervalo entre a vacinação e o nascimento, maior é a eficácia; 
  • A vacina pode ser coadministrada com outras vacinas recomendadas para gestantes; 
  • Até o momento, não há recomendação para revacinação em gestações subsequentes, mas essa orientação pode ser revisada com base em novos dados sobre a duração da proteção. 

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Referências bibliográficas

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