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Infectologia1 maio 2017

Tratamento de pênfigo: rituximabe combinado com prednisona é mais eficaz?

O pênfigo é uma doença autoimune rara caracterizada pela formação de bolhas na pele e em mucosas. Apenas 50% dos pacientes atingem a remissão completa.

Por Juliana Festa

O pênfigo é uma doença autoimune rara caracterizada pela formação de bolhas na pele e em mucosas. A combinação de altas doses de corticosteroides sistêmicos e medicamentos imunossupressores convencionais, principalmente azatioprina e micofenolato de mofetila, é considerada o tratamento padrão para os casos graves da doença. No entanto, apenas 50% dos pacientes atingem a remissão completa.

Muitos pacientes apresentam remissão e necessitam de uma terapia de corticosteroide de manutenção, levando a altas doses cumulativas de corticosteroides e efeitos colaterais. Uma vez que o tratamento prolongado com esse tipo de medicamento pode causar efeitos colaterais graves e até mesmo fatais, um estudo prospectivo multicêntrico (Ritux 3) foi realizado para avaliar se o uso de primeira linha de rituximabe como terapia adjuvante poderia melhorar a proporção de pacientes que atingem a remissão completa em comparação com o tratamento com corticosteroides isoladamente. Esse estudo foi realizado em 25 departamentos de dermatologia da França.

Os participantes elegíveis foram pacientes com pênfigo recentemente diagnosticado com idade entre 18-80 anos sendo tratados pela primeira vez (não no momento de uma recidiva).

Os pacientes receberem prednisona oral isoladamente 1,0 ou 1,5 mg/kg por dia, regime reduzido em 12 ou 18 meses (grupo prednisona em monoterapia) ou 1.000 mg de rituximabe intravenoso nos dias 0 e 14 e 500 mg aos 12 e 18 meses, combinados com prednisona de curta duração 0,5 mg ou 1 mg/kg por dia, regime reduzido em 3 ou 6 meses (grupo rituximabe mais prednisona em curto prazo). O seguimento foi realizado durante 3 anos.

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Entre maio de 2010 e dezembro de 2012, 90 pacientes foram randomizados, sendo 46 para o grupo rituximabe mais prednisona em curto prazo e 44 para o grupo prednisona em monoterapia.

No mês 24, 41 (89%) pacientes do grupo rituximabe mais prednisona em curto prazo estavam em remissão completa off-terapia versus 15 (34%) pacientes do grupo prednisona em monoterapia (intervalo de confiança [IC] 95%: 38,4 a 71,7; p<0,0001). Esta diferença correspondeu a um risco relativo de sucesso de 2,61 (IC 95%: 1,71 a 3,99; p<0,0001), correspondendo a 1,82 pacientes (IC 95%: 1,39 a 2,60) que precisariam ser tratados com rituximabe mais prednisona (em vez de prednisona em monoterapia) para um sucesso adicional.

Não foi relato óbito durante o estudo. Os eventos adversos de grau 3-4 foram mais relatados no grupo prednisona em monoterapia (53 eventos em 29 pacientes, média 1,20; desvio padrão [DP]: 1,25) do que no grupo rituximabe mais prednisona (27 eventos em 16 pacientes, média 0,59; DP: 1,15; p=0,0021). Diabetes, distúrbio endócrino, miopatia e doenças ósseas foram os eventos mais comuns em ambos os grupos.

Este é o primeiro estudo de pacientes com pênfigo que comparou um regime de altas doses de corticosteroides com um regime de rituximabe mais baixa dose de corticosteroides. Com base nos resultados descritos, o estudo sugeriu que o uso de primeira linha de rituximabe mais prednisona em curto prazo em pacientes com pênfigo é mais eficaz do que o uso de prednisona em monoterapia, apresentando menos eventos adversos.

Referências:

  • Joly P, Maho-Vaillant M, Prost-Squarcioni C, Hebert V, Houivet E, Calbo S, et al. First-line rituximab combined with short-term prednisone versus prednisone alone for the treatment of pemphigus (Ritux 3): a prospective, multicentre, parallel-group, open-label randomised trial. Lancet [Internet]. 2017;6736(Ritux 3):1–10. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0140673617300703
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