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Infectologia19 novembro 2025

MEDTROP 2025: infecções fúngicas em sistema nervoso central 

As formas neurológicas de algumas das principais infecções fúngicas de importância clínica no país foram discutidas

Infecções fúngicas invasivas frequentemente são de difícil diagnóstico e estão associadas a alta mortalidade. Embora incomum, o comprometimento do sistema nervoso central (SNC) está sendo cada vez mais reconhecido em infecções fúngicas, não só em indivíduos imunossuprimidos, como também em imunocompetentes. 

Em uma das conferências do MedTrop 2025, as formas neurológicas de algumas das principais infecções fúngicas de importância clínica no país foram discutidas.

células nervosas

Confira os principais pontos

  • Os achados de imagem de doença fúngica no SNC são inespecíficos e podem ser classificados como parenquimatosos (granulomas, cerebrite e abscesso), extra-axiais (meningite) ou vasculares (vasculite, aneurisma micótico). 
  • A morfologia do fungo pode prever as manifestações clínicas: microrganismos grandes, com hifas, como Aspergillus spp., comumente envolvem o parênquima cerebral, enquanto microrganismos pequenos unicelulares, como Candida spp. e Histoplasma spp., comumente causam meningite.  

Histoplasmose 

  • Quadros de histoplasmose disseminada são caracterizadas por comprometimento de estruturas extrapulmonares e/ou mediastinais. Dentre essas, o acometimento do SNC é infrequente (cerca de 8% dos casos). 
  • Em imunocompetentes, as alterações de imagem mais frequentemente encontradas sã hidrocefalia e áreas de realce com contraste. 
  • Em relação ao quadro clínico, quadros de meningite são os mais comuns. Cefaleia, alteração do nível de consciência e fraqueza são os sintomas e hiperproteinorraquia, a alteração liquórica mais frequentemente relatados. 
  • Os métodos diagnósticos mais utilizados são sorologia e pesquisa de antígeno de Histoplasma no LCR. 
  • O tratamento é baseado primariamente no uso de anfotericina B como monoterapia inicial. Anfotericina B complexo lipídico mostrou-se associada a maior mortalidade. Quando comparadas, a sobrevida com administração de anfotericina B lipossomal foi maior do que com anfotericina B deoxicolato. Como manutenção, itraconazol é a primeira escolha, com voriconazol sendo uma opção, embora inferior. Fluconazol também esteve associado a maior mortalidade. 
  • Pelo protocolo da Infectious Diseases Society of America (IDSA), para PVHIV o tratamento preferencial recomendado par histoplasmose com acometimento de SNC é anfotericina B lipossomal por 4 a 6 semanas como fase de indução, seguida de itraconazol por pelo menos 12 meses. 
  • A suspensão de itraconazol pode ser considerada após 12 meses de tratamento e se houver melhora dos sintomas, normalização dos parâmetros de LCR e teste de antígeno para Histoplasma no LCR negativo. 
  • Em casos de recidiva, o tratamento de manutenção com itraconazol deve ser mantido de forma contínua. 

Autoria

Foto de Isabel Cristina Melo Mendes

Isabel Cristina Melo Mendes

Infectologista pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) ⦁ Graduação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro

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