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Infectologia19 novembro 2025

MEDTROP 2025: infecções fúngicas em receptores de transplante

O risco para infecções fúngicas invasivas (IFI) depende de diversos fatores.

Outra conferência do MedTrop 2025 discutiu o papel das infecções fúngicas em receptores de transplantes de órgãos sólidos e de células hematopoiéticas. 

Confira os principais destaques

– O risco para infecções fúngicas invasivas (IFI) depende de fatores como exposição epidemiológica, colonização do hospedeiro, alterações anatômicas e técnica cirúrgica e do grau de imunossupressão. 

– Esses fatores podem ter maior ou menor impacto dependendo do órgão transplantado. Assim, em transplante de rins, o excesso de imunossupressão é o fator de risco preponderante para o desenvolvimento de IFI. De forma semelhante, outros fatores são importantes em outros tipos de transplante: 

  • Rim: excesso de imunossupressão 
  • Fígado: cirurgia abdominal, internação em UTI 
  • Coração: internação em UTI, excesso de imunossupressão 
  • Pulmão: internação em UTI, colonização prévia 
  • Rim/pâncreas: excesso de imunossupressão, cirurgia abdominal 
  • Intestino multivisceral: colonização prévia, cirurgia abdominal, internação em UTI, excesso de imunossupressão 

– Candida e Aspergillus são os fungos mais frequentemente envolvidos em infecções invasivas em receptores de transplante de órgãos sólidos. 

– Criptococose é a terceira IFI mais comum em receptores de transplante de órgãos sólidos (TOS), com uma incidência de 0,2 a 5% e representando aproximadamente 8% das IFIs em TOS. Os receptores de TOS representam 18 a 65% dos casos de critptococose. 

– A mediana de tempo entre o transplante e o diagnóstico de criptococose é de 2 a 3 anos, mas, em receptores de fígado, essa infecção é identificada ainda no primeiro ano.  

– A mortalidade é alta, variando de 14 a 42%. 

– Enquanto em pessoas vivendo com HIV/aids (PVHIV), as principais manifestações de criptococose são quadros de meningite, fungemia e doença disseminadas, em receptores de TOS, observam-se acometimento pulmonar e cutânea. Já em imunocompetentes, as principais manifestações são pulmonares, criptococomas em sistema nervoso central (SNC) e hidrocefalia. 

– Em receptores de TOS, cavitações em lesões pulmonares são comuns. As lesões cutâneas são pleomórficas, podendo inclusive apresentar-se como celulite. Nesses casos, deve-se fazer diagnóstico diferencial com histoplasmose e reativação de Chagas cutâneo. 

– A maioria dos casos de histoplasmose em TOS ocorrem nos primeiros 3 anos após o transplante. 

– Em receptores de transplantes de células hematopoiéticas, os principais agentes etiológicos são Candida, Aspergillus, Mucorales e Fusarium. Infecções invasivas por Candida e Aspergillus nessa população estão associadas à alta mortalidade, por volta de 35 e 45%, respectivamente. 

– Considerando fungos filamentosos, no Brasil, os principais agentes são Aspergillus, seguido de Fusarium e Mucorales, diferente do que é encontrado na literatura estrangeira, em que Mucorales é o segundo fungo filamentoso mais prevalente. 

– O uso de profilaxia com azólicos resultou na redução de infecções por Candida nos receptores de transplante de células hematopoiéticas. Contudo, há a preocupação de fungos resistentes em casos de infecções de escape. 

– As IFI que ocorrem em vigência de profilaxia antifúngica são de difícil diagnóstico e manejo, frequentemente necessitando de estratégias diagnósticas mais invasivas e de tratamentos empíricos mais complexos. 

Autoria

Foto de Isabel Cristina Melo Mendes

Isabel Cristina Melo Mendes

Infectologista pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) ⦁ Graduação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro

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