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Infectologia19 novembro 2025

MEDTROP 2025: discussão sobre a covid longa

O Ministério da Saúde define as condições pós-covid de forma ampla como sinais, sintomas e/ou condições específicas.

Outro tema discutido nas conferências do MedTrop 2025 foi a condição conhecida como covid longa ou síndrome pós-covid. Apesar de ser cada vez mais reconhecida, esse grupo heterogêneo de sinais e sintomas ainda é pouco compreendido e a condição ainda é pouco conhecida por muitos médicos. 

Confira as principais sequelas neuropsiquiátricas de longo prazo da covid-19 

A seguir, as principais atualizações em relação a essa condição médica

– O Ministério da Saúde define as condições pós-covid de forma ampla como sinais, sintomas e/ou condições que continuam ou se desenvolvem 4 semanas ou mais após a infecção inicial pelo SARS-CoV-2 e que não podem ser justificadas por um diagnóstico alternativo. 

– Essas condições podem melhorar, agravar ou serem recidivantes o longo do tempo, com a possibilidade de evolução para eventos graves  potencialmente fatais, até mesmo meses ou anos após a infecção. 

– A prevalência exata das condições pós-covid não é conhecida, mas estudos nacionais encontraram valores de 25 a 50%. Na literatura médica, essa prevalência pode variar de 10 a 65%. Entretanto, comparações entre estudos são difíceis, uma vez que as definições utilizadas são variadas. 

– Manifestações neuropsiquiátricas, musculoesqueléticas, respiratórias e cardiovasculares são as mais frequentes, podendo ocorrer de forma concomitante. Os sinais e sintomas mais comumente descritos incluem: 

  • Neurológico: dificuldade de memória e concentração (brain fog), alteração cognitiva, cefaleia, perda de paladar, perda de olfato 
  • Respiratório: tosse, dispneia, taquipneia, dor torácica 
  • Musculoesquelético: mialgia, artralgia 
  • Cardiovascular: palpitação, disautonomia, dor torácica, arritmias, trombose/coagulopatias, intolerância ao esforço físico 
  • Genitourinário: disfunção erétil, alteração menstrual 
  • Gastrointestinal: alteração do hábito intestinal, náusea/dor epigástrica, disfagia, refluxo gastroesofágico 
  • Mental: distúrbios do sono, depressão, ansiedade 
  • Outros: alopecia, alterações cutâneas, desordens endócrinas, fadiga/cansaço, alteração visual 

– A gravidade do episódio inicial de covid-19 não tem relação com o desenvolvimento posterior de condições pós-covid, podendo ocorrer mesmo em infecções leves ou assintomáticas. 

– Entre os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de condições pós-covid, encontram-se reinfecções por SARS-CoV-2, falta de vacinação e a presença de comorbidades, como hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes, doenças cardíacas DPOC, neoplasias, doença renal crônica, tabagismo/alcoolismo. 

– Para registro adequado, o Ministério da Saúde recomenda as seguintes codificações segundo o CID-10: 

  • Para morbidade: U09.9 (Condição de saúde posterior à covid-19, não especificada), que inclui: Sequelas e efeitos tardios; covid-19 infecção antiga; Efeito residual de covid-19; Efeito tardio de covid-19; Sequela de covid-19; Síndrome pós-covid-19; e Pós-covid-19. 
  • Par mortalidade: Código: B94.8 (sequelas de outras doenças infecciosas e parasitárias especificadas) + Marcador: U09.9 (Condição de saúde posterior à covid-19, não especificada) 

Os documentos do Ministério da Saúde que atualizam sobre o manejo das condições pós-covid podem ser encontrados nas referências abaixo.

Autoria

Foto de Isabel Cristina Melo Mendes

Isabel Cristina Melo Mendes

Infectologista pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) ⦁ Graduação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Referências bibliográficas

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