Outro tema discutido nas conferências do MedTrop 2025 foi a condição conhecida como covid longa ou síndrome pós-covid. Apesar de ser cada vez mais reconhecida, esse grupo heterogêneo de sinais e sintomas ainda é pouco compreendido e a condição ainda é pouco conhecida por muitos médicos.

A seguir, as principais atualizações em relação a essa condição médica
– O Ministério da Saúde define as condições pós-covid de forma ampla como sinais, sintomas e/ou condições que continuam ou se desenvolvem 4 semanas ou mais após a infecção inicial pelo SARS-CoV-2 e que não podem ser justificadas por um diagnóstico alternativo.
– Essas condições podem melhorar, agravar ou serem recidivantes o longo do tempo, com a possibilidade de evolução para eventos graves potencialmente fatais, até mesmo meses ou anos após a infecção.
– A prevalência exata das condições pós-covid não é conhecida, mas estudos nacionais encontraram valores de 25 a 50%. Na literatura médica, essa prevalência pode variar de 10 a 65%. Entretanto, comparações entre estudos são difíceis, uma vez que as definições utilizadas são variadas.
– Manifestações neuropsiquiátricas, musculoesqueléticas, respiratórias e cardiovasculares são as mais frequentes, podendo ocorrer de forma concomitante. Os sinais e sintomas mais comumente descritos incluem:
- Neurológico: dificuldade de memória e concentração (brain fog), alteração cognitiva, cefaleia, perda de paladar, perda de olfato
- Respiratório: tosse, dispneia, taquipneia, dor torácica
- Musculoesquelético: mialgia, artralgia
- Cardiovascular: palpitação, disautonomia, dor torácica, arritmias, trombose/coagulopatias, intolerância ao esforço físico
- Genitourinário: disfunção erétil, alteração menstrual
- Gastrointestinal: alteração do hábito intestinal, náusea/dor epigástrica, disfagia, refluxo gastroesofágico
- Mental: distúrbios do sono, depressão, ansiedade
- Outros: alopecia, alterações cutâneas, desordens endócrinas, fadiga/cansaço, alteração visual
– A gravidade do episódio inicial de covid-19 não tem relação com o desenvolvimento posterior de condições pós-covid, podendo ocorrer mesmo em infecções leves ou assintomáticas.
– Entre os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de condições pós-covid, encontram-se reinfecções por SARS-CoV-2, falta de vacinação e a presença de comorbidades, como hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes, doenças cardíacas DPOC, neoplasias, doença renal crônica, tabagismo/alcoolismo.
– Para registro adequado, o Ministério da Saúde recomenda as seguintes codificações segundo o CID-10:
- Para morbidade: U09.9 (Condição de saúde posterior à covid-19, não especificada), que inclui: Sequelas e efeitos tardios; covid-19 infecção antiga; Efeito residual de covid-19; Efeito tardio de covid-19; Sequela de covid-19; Síndrome pós-covid-19; e Pós-covid-19.
- Par mortalidade: Código: B94.8 (sequelas de outras doenças infecciosas e parasitárias especificadas) + Marcador: U09.9 (Condição de saúde posterior à covid-19, não especificada)
Os documentos do Ministério da Saúde que atualizam sobre o manejo das condições pós-covid podem ser encontrados nas referências abaixo.
Autoria

Isabel Cristina Melo Mendes
Infectologista pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) ⦁ Graduação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro
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