Logotipo Afya
Anúncio
Infectologia30 julho 2025

Laringite: o que precisamos saber?

Laringite aguda é autolimitada e, na maioria dos casos, de causa viral. Antibióticos não são indicados para tratamento de rotina.
Por Raissa Moraes

A laringite aguda é uma condição inflamatória comum e autolimitada, com duração menor que três semanas, geralmente associada a uma infecção do trato respiratório superior ou esforço vocal agudo. A principal causa etiológica é de natureza viral e Moraxella catarrhalis, Haemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae são as bactérias mais comumente isoladas em causas bacterianas. A etiologia não é rotineiramente estabelecida na prática clínica, e o diagnóstico muitas vezes pode ser feito apenas com base na história. Infelizmente, não existem critérios clinicamente úteis que ajudem a distinguir entre infecções bacterianas e virais. 

laringite

Diagnóstico 

Os sintomas da laringite aguda incluem a diminuição da tonalidade normal da voz e rouquidão, que geralmente persistem por três a oito dias. Pacientes com laringite também podem apresentar sintomas de uma infecção do trato respiratório superior, como dor de garganta, odinofagia, rinorreia, dispneia, secreção pós-nasal e congestão. O exame direto com nasolaringoscópio flexível geralmente revela secreções, eritema e edema das pregas vocais. 

Quando a laringite persiste por mais de três semanas, é definida como laringite crônica e existem diversas causas relacionadas: toxinas inaladas (como vapores químicos), doença do refluxo gastroesofágico, sinusite crônica com gotejamento pós-nasal, uso crônico de álcool e esforço vocal prolongado, lesões benignas das pregas vocais, neoplasia de laringe, disfunção neurológica, disfonia espasmódica, entre outros.  

Pontos importantes 

Dessa forma, uma avaliação clínica minuciosa é extremamente importante para elucidação diagnóstica e manejo adequado. Na anamnese do paciente devemos perguntar: 

  • Duração das queixas vocais e se os sintomas são constantes ou intermitentes; 
  • Características do início (súbito ou progressivo) e padrão (piora com uso da voz ou pela manhã ao acordar); 
  • Fatores desencadeantes potenciais (abuso vocal, infecção respiratória alta concomitante, alteração de medicamentos, exposição a alérgenos ou toxinas); 
  • Fatores que pioram ou melhoram os sintomas, como melhora com repouso vocal ou fadiga com o uso; 
  • Outros sintomas de cabeça e pescoço (ex.: disfagia, otalgia, odinofagia, odinofonia, sangramento, dor de garganta, gotejamento pós-nasal); 
  • História de tabagismo, consumo de álcool ou uso de medicamentos que afetam a voz (ex.: corticoides inalatórios); 
  • História de refluxo ou doença rinossinusal; 
  • Cirurgias prévias no pescoço (especialmente tireoide, carótidas, coluna cervical), base do crânio ou tórax; 
  • História de trauma ou intubação endotraqueal; 
  • Profissão, hobbies e hábitos que impactam o uso vocal; 
  • Comorbidades médicas que podem afetar a voz (ex.: artrite reumatoide, tremor, hipotireoidismo). 

Devemos estar atentos para sinais que possam indicar uma doença maligna subjacente, como dispneia, estridor, hemoptise, disfagia, emagrecimento e dor referida no ouvido.  

Considerações finais 

Como o custo do tratamento médico da laringite é alto, há uma preocupação crescente com a resistência das bactérias comuns aos antibióticos mais utilizados e a etiologia da laringite aguda é diversa (sendo em sua minoria por causa infecciosa bacteriana), antibióticos prescritos rotineiramente não são indicados. Inclusive com diversos estudos mostrando que não parecem ser eficazes no tratamento da laringite aguda quando se avaliam desfechos objetivos. 

Veja também: Laringite: qual corticoide é mais eficaz no tratamento?

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Infectologia