Logotipo Afya
Anúncio
Infectologia18 julho 2025

IAS 2025: Atualizações sobre o tratamento de HIV em gestantes

Confira as evidências mais recentes do IAS 2025 sobre o uso de antirretrovirais em gestantes e seus impactos nos desfechos neonatais.
Por Instituto Terzius

O IAS 2025 segue apresentando as evidências mais recentes sobre o manejo da infecção pelo vírus HIV em gestantes. Essa população frequentemente carece de estudos específicos, o que resulta em poucas informações sobre possíveis efeitos da gestação sobre os medicamentos antirretrovirais e destes sobre o concepto. 

hiv em gestantes

Desfechos de gestação e neonatal após exposição a cabotegravir 

Há poucos dados sobre o uso de cabotegravir como PrEP ou como tratamento em gestantes. Um estudo chamado APR procurou avaliar os desfechos de gestações em que houve exposição a CAB. 

O APR foi um estudo de coorte prospectivo, internacional, que tem como objetivo monitorar sinais precoces de alerta para teratogenicidade em usuárias de antirretrovirais. Em uma das subanálises, os desfechos de gestações e os desfechos neonatais que ocorreram com exposição a CAB foram avaliados. 

No total, foram identificadas 42 gestações com exposição a CAB (28 como tratamento e 14 como PrEP), resultando em 43 desfechos: 35 (81,4%) nascidos vivos, 1 (2,3%) natimorto, 3 (7,0%) abortos espontâneos e 4 (9,3%) abortos induzidos. Entre os nascidos vivos, 1 (2,9%) apresentou anomalia congênita (ptose congênita). Entre os recém-nascidos de gestações únicas e sem anomalias, 5 (15,2%) eram pré-termos e 6 (18,2%) tinham baixo peso, incluindo 3 (9,1%) com muito baixo peso. 

Das 42 gestações com exposição a CAB, 39 apresentaram exposição pré-concepção e 3 apresentaram exposição durante a gestação (1 em cada trimestre). A maioria (92,7%) teve exposição à formulação injetável do CAB. 

Esses resultados iniciais não mostram sinais de alerta para potencial teratogenicidade. Entretanto, os autores do estudo destacam que o número limitado de gestações avaliadas impede que conclusões definitivas sejam feitas. 

Determinantes para carga viral materna elevada e sua relação com desfechos neonatais 

Carga viral materna é o principal fator de risco para transmissão vertical de HIV. Um estudo conduzido em Moçambique e no Gabão avaliou os determinantes de carga viral antenatal elevada e sua relação com desfechos desfavoráveis da gestação. 

Esse estudo utilizou dados provenientes de uma coorte de um ensaio clínico randomizado que avaliou medidas medicamentosas profiláticas contra malária em gestantes vivendo com HIV. As participantes incluídas foram acompanhadas até o momento do parto. 

Das 666 participantes incluídas, 232 (35%) apresentavam carga viral considerada elevada (> 150 cópias/mL). Anemia no momento da inclusão (OR 1,75; IC 95% = 1,18 – 2,59; p = 0,005) e início tardio de TARV (OR 7,71; IC 95% = 5,04 – 11,81; p = 0,000) foram fatores associados com CV elevada de forma estatisticamente significativa. A presença de CV elevada esteve associada a um aumento de aproximadamente 3x no risco de malária placental (OR 3,28; IC 95% = 1,54 – 7,11; p = 0,002). 

Esses achados confirmam a necessidade de rastreio e acesso precoce à TARV para melhora de desfechos da gestação e para diminuir o risco de transmissão vertical. 

Crescimento intrauterino de fetos de gestantes vivendo com HIV 

Mulheres vivendo com HIV estão sob maior risco de ter filhos nascidos pequenos para a idade gestacional. Um estudo prospectivo conduzido na África do Sul procurou determinar as curvas de crescimento intrauterino em mulheres vivendo com HIV, comparando-as com as de mulheres sem infecção pelo HIV. 

Foram comparadas ultrassonografias seriadas de 228 gestantes com HIV em uso de TARV com as de 384 gestantes sem HIV, com uma mediana de 5 ultrassonografias antenatais por mulher. Não houve diferenças significativas na velocidade e nem nos parâmetros de crescimento fetal entre os grupos. 

A prevalência de fetos pequenos para a idade gestacional variou de 14,2 a 26,4% nas gestantes com HIV e de 18,5 a 24,1% nas gestantes sem HIV. Não houve associação significativa entre infecção materna de HIV e a presença de fetos pequenos para idade gestacional. 

Os autores destacam que esses resultados reforçam as recomendações internacionais de início de TARV em mulheres vivendo com HIV com o objetivo de melhorar a saúde materna e reduzir a transmissão vertical de HIV. 

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Infectologia