Os resultados do lenacapavir como agente para profilaxia pré-exposição (PrEP) chamou a atenção mundialmente não só por sua eficácia em mulheres cisgênero, como também por sua comodidade posológica, já que pode ser administrado semestralmente.
O IAS 2025 dedicou uma sessão específica para apresentar os resultados do uso do lenacapavir em diferentes cenários.
Lenacapavir como PrEP em adolescentes e adultos jovens
Os estudos PURPOSE 1 (P1) e PURPOSE 2 (P2) estudaram a eficácia de PrEP com lenacapavir em mulheres cisgênero entre 16 e 25 anos e em homens cisgênero e pessoas de gênero diverso a partir de 16 anos, respectivamente. Os resultados de eficácia e segurança foram analisados combinando as populações dos dois estudos e comparando os grupos dos indivíduos até 25 anos (adolescentes e adultos jovens) com os acima de 25 anos.
Entre os adolescentes e adultos jovens (até 25 anos), foram identificadas 2 por HIV incidentes no braço de lenacapavir. Seis infecções incidentes foram descritas no P2 e todas as 55 infecções incidentes no P1 ocorreram no braço de PrEP oral diária.
Os eventos adversos mais comuns, excluindo reações locais relacionados à injeção, foram infecção por clamídia, infecção do trato respiratório superior e cefaleia. As reações locais mais frequentes foram nódulos, dor, induração e edema. O lenacapavir foi bem tolerado em ambos os grupos e as concentrações plasmáticas foram semelhantes entre adolescentes e jovens e adultos.
Preferência entre lenacapavir e PrEP oral
A preferência por uma modalidade ou outra de PrEP também foi avaliada, especificamente na população do PURPOSE 2.
Os participantes responderam um questionário eletrônico sobre preferências de administração da PrEP e como o tipo de administração impacta a percepção de risco e adesão a PrEP. Os dados foram coletados na entrada do estudo e nas semanas 26 e 52.
Dos 3271 participantes, 2918 e 1126 responderam aos questionários na entrada e na semana 52, respectivamente. Em ambos os casos, mais de 75% preferiram a administração subcutânea semestral de lenacapavir em relação ao esquema oral diário. Entre os participantes que declararam preferência pela PrEP injetável, mais da metade classificou essa preferência como uma forte preferência.
A maioria dos participantes declarou que se sentiria mais protegido da infecção pelo HIV e mais confiantes em relação a não perder doses com a injeção semestral do que com pílulas diárias. Os resultados foram consistentes entre as diferentes regiões geográficas em que o estudo foi realizado.
Lenacapavir em gestantes e lactantes
Subanálises do estudo PURPOSE 1 avaliaram desfechos da gestação, eventos adversos e infecções incidentes por HIV em gestantes e lactantes que estavam em uso de lenacapavir como PrEP.
Das 2140 participantes recebendo lenacapvir, 184 apresentaram 193 gestações, das quais 88 ainda estavam ocorrendo. Das 105 gestações com desfechos conhecidos, foram relatados 52 nascimentos (49,5%) e 53 perdas fetais (50,5%), incluindo 30 abortos induzidos/eletivos (28,6%), 20 abortos espontâneos (19,0%) e 3 natimortos (2,9%).
Eventos adversos maternos relacionados à gestação foram raros, sendo hipertensão gestacional/pré-eclâmpsia e hiperêmese gravídica os mais frequentemente relatados. Nenhuma infecção por HIV ocorreu no grupo que recebeu lenacapavir.
Lenacapavir foi detectado no leite materno de mulheres lactantes, mas a exposição no plasma dos recém-nascidos amamentados foi mínima. Não houve diferença significativa na exposição de lenacapavir por trimestre de gravidez ou período pós-parto em comparação com mulheres não gestantes e não lactantes.
Esses resultados indicam que o lenacapavir é eficaz, seguro e bem tolerado em gestantes e lactantes, com exposição mínima em crianças amamentadas.
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