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Infectologia25 julho 2024

IAS 2024: dolutegravir e regimes com rifapentina – é necessário ajuste? 

Durante o IAS 2024 foram apresentados resultados de farmacocinética e de controle virológico em PVHIV em uso de dolutegravir e esquema mensal de rifapentina e isoniazida. 

Com o objetivo de controlar a transmissão de tuberculose no mundo, grande foco tem sido dado a identificação e tratamento de indivíduos com infecção latente (ILTB). Baseado nisso, diversos esquemas foram analisados ao longo dos anos, buscando-se principalmente regimes mais curtos e eficazes. Entretanto, interações medicamentosas das drogas tuberculostáticas podem contar como um fator limitante. Esse fato torna-se ainda mais relevante em pessoas vivendo com HIV (PVHIV), em que interações podem afetar a concentração sérica de antirretrovirais e, com isso, interferir com o controle viral. 

Diante disso, estudos de farmacocinética são importantes para determinar possíveis necessidades de ajuste de posologia. Em uma das sessões especiais do IAS 2024, foram apresentados os resultados de farmacocinética e de controle virológico em PVHIV em uso de dolutegravir (DTG) e esquema mensal de rifapentina e isoniazida (1HP). 

IAS 2024: dolutegravir e regimes com rifapentina – é necessário ajuste? 

Imagem de freepik

Métodos 

O trabalho apresentado analisou dados de um estudo randomizado, de fase 3, que está em andamento e tem o objetivo de comparar dois esquemas de tratamento de ILTB — um esquema ultracurto de doses diárias de rifapentina e isoniazida por 1 mês (1HP) e o esquema semanal com os mesmos medicamentos por 12 semanas (3HP) — em PVHIV com 18 anos ou mais. 

O estudo foi conduzido em 14 centros na Tailândia. Os participantes não possuíam TB ativa e o esquema profilático para ILTB foi iniciado 2 a 4 semanas após o início de terapia antirretroviral com tenofovir (TDF), lamivudina (3TC) e dolutegravir (DTG) em doses padrão. As concentrações de DTG foram mensuradas no D0 (antes de 1HP) e no D28. 

Resultados 

Foram analisadas amostras de 252 participantes cujo esquema de TARV continha DTG e que estavam em uso de 1HP. A mediana de linfócitos T-CD4 foi de 450 (IQR = 287 – 682) células/mm³. Destes, 202 (80%) eram virgens de TARV e 20% estavam em tratamento e com carga viral indetectável. 

O esquema com 1HP foi bem tolerado, com 99,2% dos participantes tendo-o completado. Reações de hipersensibilidade ocorreram em 0,8% dos participantes e hepatite assintomática graus 3 e 4, em 0,4%. 

As concentrações médias de DTG foram de 0,56 mg/dL (IC 95% = 0,27 – 1,16) no D0 e de 0,15 mg/dL (IC 95% = 0,09 – 0,24) no D28. Apesar dessa redução, aproximadamente 92,6% apresentavam concentrações > 0,064 mg/dL, isto é, acima dos valores ajustados de IC90 (concentração necessária para inibir 90% da replicação viral in vitro). A análise de carga viral, realizada nas semanas 24 e 48, mostrou valores < 50 cópias/mL em 95,2% e 97,7% dos participantes, respectivamente. 

Conclusão 

Apesar do estudo ter demonstrado reduções importantes nas concentrações de DTG com o uso concomitante de rifapentina e isoniazida nas doses usadas no esquema de 1HP, os valores mantiveram-se acima do IC90 em mais de 90% dos participantes. Ao mesmo tempo, não houve evidências de falha virológica. Esses achados sugerem a possibilidade de que DTG poderia ser administrado em sua dose padrão 1x/dia de forma concomitante a 1HP. 

Uma limitação importante do estudo é que ele incluiu somente indivíduos da Tailândia. Dessa forma, seus resultados não necessariamente podem ser generalizados para outras populações. 

Confira todos os destaques do congresso aqui!   

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