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A tuberculose (TB) é uma das 10 principais causas de morte no mundo, além de ser a principal incidência de doença infecciosa ao redor do mundo. O Brasil está entre os 20 países com maior número de casos de tuberculose por ano. Os números preocupam e há um fator que nos faz ficar ainda mais alertas, o aumento na ocorrência de tuberculose multirresistente (MDR-TB). Em 2017, a OMS estima que havia 558 mil novas contaminações da doença com resistência à rifampicina (o mais eficaz remédio de primeira linha), dos quais 82% tinham tuberculose multirresistente.
A bactéria causadora da TB pode desenvolver resistência aos antimicrobianos usados para curar a doença. A tuberculose multirresistente (MDR-TB) é a TB que não responde, pelo menos, à isoniazida e à rifampicina, os dois medicamentos anti-TB mais potentes. A MDR-TB é um importante impulsionador da resistência antimicrobiana em todo o mundo e ameaça os importantes ganhos obtidos com dificuldade na resposta global à TB nos últimos anos.
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O diagnóstico e o tratamento da TB-MDR continuam a ser um grande desafio, com apenas uma em cada quatro pessoas afetadas atualmente sendo detectadas e menos ainda sendo tratadas com sucesso. As opções de tratamento são limitadas e caras, os medicamentos recomendados nem sempre estão disponíveis, além disso os pacientes experimentam muitos efeitos adversos dos medicamentos. Em alguns casos, pode desenvolver-se uma TB ainda mais grave e resistente. A TB extensivamente resistente aos medicamentos, XDR-TB, é uma forma de TB multirresistente com resistência adicional a mais medicamentos anti-TB que, portanto, responde a um número ainda menor de medicamentos disponíveis.
Como detectar a tuberculose multirresistente?
A resistência a drogas pode ser detectada por meio de testes laboratoriais especiais que testam a sensibilidade da bactéria às drogas ou detectam padrões de resistência. Esses testes podem ser do tipo molecular (como Xpert MTB / RIF) ou baseados em cultura. As técnicas moleculares podem fornecer resultados em poucas horas e foram implementadas com sucesso mesmo em configurações de poucos recursos.
Como controlar a tuberculose resistente?
As duas razões pelas quais a resistência a múltiplas drogas continua a emergir e se espalhar são má administração do tratamento da TB e da transmissão de pessoa-pessoa. O uso inadequado ou incorreto de drogas antimicrobianas, ou o uso de formulações ineficazes de drogas e a interrupção prematura do tratamento podem causar resistência aos medicamentos, que podem ser transmitidos, especialmente em locais como prisões e hospitais.
As novas recomendações da OMS visam acelerar a detecção e melhorar os resultados do tratamento da tuberculose multirresistente por meio de um novo teste rápido de diagnóstico e de um regime de tratamento mais curto e mais barato. Com menos de US$ 1000 por paciente, o novo regime de tratamento pode ser concluído de nove a 12 meses. Não só é menos dispendioso do que os regimes atuais, mas espera-se também que melhore os resultados e diminua potencialmente as mortes devido a uma melhor adesão ao tratamento e menor perda de seguimento.
Por fim, traremos os tópicos destacados pela OMS como soluções para controlar a TB resistente aos medicamentos:
- curar o paciente com tuberculose na primeira vez
- fornecer acesso ao diagnóstico. (eu acrescentaria: pensar em TB multirresistente como diagnóstico diferencial)
- assegurar o controle adequado da infecção em instalações onde os pacientes são tratados
- assegurar o uso apropriado dos medicamentos de segunda linha recomendados.
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