Em 26 de agosto de 2021, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou uma atualização do documento “Consenso sobre anemia ferropriva: mais que uma doença, uma urgência médica”, publicado em 2018. A modificação foi feita pelos Departamentos de Nutrologia e de Hematologia da SBP em conjunto com o Departamento de Nutrição Infantil da Sociedade de Pediatria de São Paulo e o Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares (CENDA) Instituto PENSI (Fundação José Luiz Egydio Setúbal). Abaixo, encontram-se resumidas as novas recomendações segundo a publicação. A anemia ferropriva é uma condição grave, que prejudica o adequado desenvolvimento neurológico da criança e é um considerável problema de saúde pública em nosso país.
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O primeiro passo é identificar os fatores de risco para anemia ferropriva:
Identificação de fatores de risco
Fatores de risco | Situações |
Baixa reserva materna |
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Aumento da demanda metabólica |
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Redução do fornecimento |
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Perdas de sangue |
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Má absorção de ferro |
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Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Pediatria (2021)
Diagnóstico
O documento recomenda a realização de investigação laboratorial da deficiência de ferro, com ou sem anemia, aos 12 meses de vida. Entretanto, se houver suspeita baseada na presença de fatores de risco, a investigação deve ser pronta e precocemente efetuada, principalmente na ausência de profilaxia adequada com ferro. Levando em conta os custos dos exames laboratoriais e a necessidade de uma padronização para a determinação da fase inicial da depleção ou da deficiência de ferro sem anemia, em que a concentração de Hb é normal, a atualização indica a realização dos seguintes exames, no mínimo: hemograma (para avaliação da hemoglobina, dos índices hematimétricos [VCM, HCM, RDW] e da morfologia dos glóbulos vermelhos); ferritina sérica, como marcador da fase de depleção dos estoques; e proteína C reativa, com o objetivo de identificar o processo infeccioso.
Tratamento
Para o tratamento da anemia ferropriva, é recomendado o uso de ferro oral na dose de 3 a 6 mg de ferro elementar/kg/dia, em dose única ou fracionado, por um período de seis meses ou até reposição dos estoques corporais (confirmados pela normalização da Hb, VCM, HCM, ferro sérico, saturação da transferrina e ferritina sérica).
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O documento destaca a existência de variados compostos de ferro disponíveis comercialmente e também no Sistema Único de Saúde (SUS) e ressalta que, para prescrevê-los, o pediatra deve considerar custos, acessibilidade, padrões de absorção de cada sal, grau de resposta em relação ao tempo de terapêutica e na menor ocorrência de eventos adversos.
Para a avaliação da efetividade, devem ser solicitados hemograma e reticulócitos 30 a 45 dias depois do início do tratamento (momento em que se espera que tenha ocorrido aumento dos níveis de hemoglobina em, pelo menos, 1,0 g/dL, além de melhora dos valores de reticulócitos).
Referências bibliográficas:
- Sociedade Brasileira de Pediatria. Consenso sobre anemia ferropriva: mais que uma doença, uma urgência médica. 2021. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/consenso-sobre-anemia-ferropriva-atualizacao-destaques-2021/. Acesso em: 29/08/2021
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