Slings de uretra média para tratamento da incontinência urinária de esforço

A incontinência urinária de esforço (IUE) é um problema de saúde feminino mundial, e tem um grande impacto na qualidade de vida da mulher. Apesar de controverso, o uso de slings de uretra média para o tratamento de IUE são efetivos e seguros, desde que bem indicados e utilizados sob a técnica correta.

Em fevereiro de 2023 foi publicado um artigo no International Journal of Gynecology & Obstetrics, com as recomendações da FIGO sobre o uso de slings de uretra média (SUM) para o tratamento da IUE. O objetivo dos autores foi fornecer dados e recomendações baseados em evidências para o obstetra/ginecologista que trata mulheres com IUE e realiza ou planeja realizar procedimentos com SUM.

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Uso de slings de uretra média para o tratamento da incontinência urinária de esforço

Avaliação primária 

• História médica detalhada: devem ser avaliados o passado ginecológico (ciclo menstrual, menopausa) e obstétrico, incluindo a paridade, via de parto, cirurgias pélvicas prévias, incluindo sling, além de realização de tratamentos conservadores para IUE. É importante saber comorbidades associadas, como história de AVC, diabetes mellitus, demência, doença de Parkinson, artrite e doenças da coluna lombar e sacral. Além disso, devemos perguntar sobre o uso de medicações contínuas e hábitos de vida (cafeína, tabagismo, exercícios físicos de impacto, abuso de álcool e alta ingestão de líquidos).
• Ocorrência e natureza dos sintomas de incontinência: o sintoma predominante é a perda urinária após tossir, pegar peso ou fazer exercícios. Porém, os sintomas podem ser mais discretos e menos específicos, combinados com urgência miccional, noctúria, sensação de bexiga cheia e fluxo lento. Assim, é necessário avaliar se a paciente apresenta outros sintomas associados, como dor pélvica, disúria, incontinência fecal, dispareunia. Sempre anote a necessidade, ou não, da paciente usar protetores diários ou fralda.
• Exame físico da pelve: observar se existe inflamação, sangramento, pólipos, tumores ou distopia genital (POP-Q). A presença de atrofia urogenital deve ser anotada, e necessita de tratamento prévio ao SUM. Também é necessário avaliar o tônus da musculatura pélvica e a hipermobilidade uretral através da manobra de valsalva.
• Diário Miccional
• Urocultura e Urina tipo 1

Avaliação secundária: situações especiais 

• Ultrassonografia de rins, vias urinárias e assoalho pélvico 
• Radiografia da pelve com contraste 
• Estudo urodinâmico 
• Cistoscopia 

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Mensagem final

Após uma anamnese detalhada, exame físico da pelve e exames laboratoriais e/ou de imagem bem indicados, podemos indicar o tratamento de IUE com sling de uretra média com segurança. A literatura mostra que, quando bem indicado e realizado pela técnica correta, sua taxa de sucesso é alta, sendo superior à técnica de Burch, além de ter uma morbidade menor.

Quando comparada à via transobturatória com a retropúbica, a via retropúbica é superior, porém, apresenta mais complicações e deve ser realizada por cirurgiões capacitados.