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Ginecologia e Obstetrícia30 setembro 2022

Tromboprofilaxia pós-cesárea: comparação entre dose fixa e dose baseada no peso corporal de enoxaparina

Um estudo comparou doses fixas e doses baseadas no peso corporal de enoxaparina em atingir níveis profiláticos quando usada após cesárea.

O periódico Obstetrics and Gynecology publicou recentemente um ensaio clínico desenvolvido na University of Utah Health de 19 de junho de 2020 a 18 de novembro de 2021. O objetivo do estudo foi a comparação entre doses fixas e doses baseadas no peso corporal de enoxaparina em atingir níveis profiláticos, quando usada após cesárea. 

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Métodos

Mulheres acima de 18 anos que foram submetidas a parto cesárea no período do estudo, que tinham indicação de tromboprofilaxia e consentiram em participar, foram randomizadas na proporção 1:1 de forma estratificada com o IMC. 

A dosagem fixa de enoxaparina foi definida como 40 mg por dia para aqueles com IMC inferior a 40 ou 40 mg a cada 12 horas para aqueles com IMC 40 ou superior. Com base no peso de admissão, a dosagem de enoxaparina foi calculada como 0,5 mg/kg (arredondado para os 10 mg mais próximos) a cada 12 horas.  

A decisão em prescrever a profilaxia para tromboembolismo foi baseada na presença de fatores de risco, conforme protocolo local. A profilaxia durou toda a internação e 14 dias após a alta. 

O desfecho primário foi o nível profilático (0,2–0,6 unidades internacionais/mL) de anti-Xa, quatro a seis horas após pelo menos a terceira dose de enoxaparina. A determinação do fator anti-X ativado (anti-Xa) objetiva monitorar a terapêutica com heparina de baixo peso molecular ou fracionadas. Os desfechos secundários incluíram picos subprofiláticos e supraprofiláticos, pico ambulatorial, tromboembolismo venoso (TEV) e complicações da ferida nas primeiras seis semanas pós-parto. 

Resultados

Durante o período, 74 indivíduos foram randomizados para enoxaparina baseada no peso e 72 para enoxaparina em dose fixa. Aqueles que receberam a dosagem baseada no peso foram mais prováveis de atingir níveis profiláticos de anti-Xa do que aqueles que receberam dosagem fixa na análise primária (49/74 [66%] vs 32/72 [44%], risco relativo [RR] 1,49, IC 95% 1,10-2,02) e secundária (49/60 [82%] vs 32/57 [56%], RR 1,45, 95% IC 1,12-1,88). Níveis subprofiláticos ocorreram mais frequentemente com dosagem fixa; níveis supraprofiláticos não diferiram. Na visita pós-operatória ambulatorial, 52% dos participantes (15/29) com dosagem baseada no peso em comparação com 15% (5/33) com dosagem fixa atingiram o nível de pico profilático anti-Xa (RR 3,41, IC 95% 1,42–8,24). Não houve TEV em nenhum dos grupos. Complicações da ferida ocorreram em cinco indivíduos (7%) com dosagem de enoxaparina baseada no peso em comparação com um indivíduo (1%) com dosagem fixa de enoxaparina (RR 4,86, IC 95% 0,58–40,63).

Leia também: Estimulação elétrica transcutânea (TENS) no controle da dor pós-parto cesárea

Conclusões

Em mulheres após cesariana, a dosagem de enoxaparina baseada no peso foi mais eficaz do que a dosagem fixa para alcançar pico profilático de anti-Xa. Uma pergunta não respondida por este estudo é se a tromboprofilaxia química é eficaz ou segura, e em que escala deve ser usado após cesariana.

Autoria

Foto de Ênio Luis Damaso

Ênio Luis Damaso

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).

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