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Ginecologia e Obstetrícia9 abril 2025

Triagem HPV com autoteste vaginal: resultados de um estudo de implementação

Estudo teve como objetivo determinar a viabilidade do rastreamento cervical do papilomavírus humano (HPV) de alto risco, através do teste de HPV por swab vaginal

Um estudo recente, com objetivo de determinar a viabilidade do rastreamento cervical do papilomavírus humano (HPV) de alto risco, através do teste de HPV por swab vaginal (autoexame vaginal), foi publicado na revista BJOG. 

O rastreamento do câncer do colo do útero com teste para HPV de alto risco é o método mais eficaz de prevenção, sendo tradicionalmente realizado com amostras cervicais colhidas por profissionais de saúde. No entanto, estudos recentes mostram que o autoteste com swab vaginal (auto coleta) tem sensibilidade e especificidade semelhantes, além de ser mais aceitável e acessível, especialmente para populações sub-rastreadas. Em Aotearoa Nova Zelândia (NZ), onde há desigualdades no rastreamento entre grupos étnicos — com menores taxas entre Māori e povos do Pacífico — o programa nacional de rastreamento cervical (NCSP) passou a oferecer, desde novembro de 2023, a testagem primária por HPV com a opção entre auto coleta vaginal ou coleta feita por profissional. Este estudo teve como objetivo avaliar, antes da implementação nacional, a viabilidade dessa abordagem em diferentes cenários de atenção primária em três regiões do país. 

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Metodologia 

Foi realizado em parceria com prestadores de atenção primária e conselheiros Māori, com foco em equidade para populações sub-rastreadas (especialmente Māori e povos do Pacífico). Foram selecionadas unidades de atenção primária em três regiões (Whanganui, Capital and Coast, e Canterbury), representando contextos urbanos, rurais e variados perfis socioeconômicos e étnicos. A amostra visava incluir 3000 participantes, com super-representação Māori, para garantir a análise de desfechos em subgrupos prioritários. 

O desfecho primário foi a proporção de participantes que optaram pelo autoteste, que apresentaram HPV detectado e que completaram o seguimento necessário (citologia de triagem ou colposcopia). Os desfechos secundários incluíram a cobertura por etnia, método de convite, local de realização do teste (casa ou clínica), adesão a recomendações de testagem de cura (TOC) e taxa de detecção de lesões de alto grau. Participantes elegíveis foram recrutados por práticas locais usando métodos habituais (carta, mensagem, ligação ou convite oportunístico), e puderam escolher entre o autoteste vaginal (realizado em casa ou na clínica) ou o teste colhido por profissional. Em casos com HPV detectado no autoteste, era solicitado um teste citológico adicional.  

Principais achados 

Dezessete unidades de atenção primária em três regiões da Nova Zelândia participaram do estudo, com uma população estimada de 4006 pessoas elegíveis ao rastreamento em seis meses. Destas, 22% eram Māori, 5,7% povos do Pacífico e 15% asiáticos. No total, 3308 pessoas consentiram em participar, mas 187 foram excluídas por não estarem no período indicado ou por não completarem o teste, resultando em 3121 participantes incluídos na análise. A mediana de idade foi de 45 anos e 50% residiam em áreas de maior vulnerabilidade socioeconômica. A taxa geral de rastreamento foi de 78%. 

Um autoteste vaginal foi realizado por 95% (2954/3121, intervalo de confiança [IC] de 95% [93,8, 95,4]) das pessoas, sendo 77% realizado na clínica e 22% em casa.  O HPV foi detectado em 12,9% (404/3121, IC 95% [11,8, 14,2]) das pessoas. Das pessoas com HPV detectadas 95% (384/404, IC 95% [92,5, 97,0]) tiveram citologia ou colposcopia de acompanhamento. Destas, 2,6% (82/3121, IC 95% [2,1, 3,2]) tiveram HPV 16/18 detectado, todos os quais compareceram à colposcopia. A triagem citológica foi concluída para 92% (276/301, IC 95% [88,0, 94,3]) das pessoas com tipos de HPV não 16/18 (HPV outros) detectados em um autoteste vaginal. Isso variou de acordo com a etnia e o histórico de triagem. 

Conclusões 

O estudo demonstrou que o autoteste é uma estratégia viável e eficaz para ampliar o acesso ao rastreamento do câncer cervical e reduzir desigualdades. As principais dificuldades logísticas incluíram o seguimento citológico de pessoas com HPV detectado. O estudo conclui que a oferta universal do autoteste pode aumentar significativamente a equidade no rastreamento cervical e deve ser considerada em outros contextos com populações sub-rastreadas. 

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Referências bibliográficas

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