A endometriose é uma doença crônica que cursa com dor pélvica, muitas vezes afetando a qualidade de vida das mulheres. Sendo assim, são necessários tratamentos visando a melhora na qualidade de vida dessas pacientes. A terapia hormonal é uma das principais drogas utilizadas no tratamento clínico da endometriose, baseada no aspecto endócrino da doença.
Hoje trago uma revisão sistemática para atualizarmos os conhecimentos que existem até o momento sobre o tratamento hormonal para endometriose. A revisão visou fornecer uma explicação abrangente sobre os tratamentos hormonais atuais e futuros para a endometriose, explorando o fundo endócrino da doença.
A dependência de estrogênio e a resistência à progesterona são os eventos-chave que causam a implantação ectópica de células endometriais, diminuindo a apoptose e aumentando o estresse oxidativo, inflamação e neuroangiogênese. As células endometrióticas expressam o hormônio anti-mülleriano (AMH), fatores de crescimento relacionados ao TGF (inibina, ativina, folistatina), hormônio liberador de corticotropina (CRH) e peptídeos relacionados ao estresse.
As alterações endócrinas e inflamatórias explicam a dor e a infertilidade, e as alterações sistêmicas e comorbidades descritas nessas pacientes, como algumas doenças autoimunes (tireoidite, artrite, alergias), doenças urinárias e distúrbios de saúde mental.
Qual a importância do tratamento hormonal?
O tratamento hormonal da endometriose visa o bloqueio da menstruação através da inibição do eixo hipotálamo-hipófise ou causando uma pseudodecidualização com consequente amenorreia, inibindo a progressão da endometriose. Os agonistas e antagonistas do GnRH são eficazes na endometriose por atuarem na função pituitária-ovárica.
Progestágenos são utilizados principalmente para tratamentos de longa duração (dienogest, acetato de noretisterona, acetato de medroxiprogesterona) e atuam em múltiplos locais de ação. Os contraceptivos orais combinados também são utilizados para reduzir os sintomas da endometriose, inibindo a função ovariana.
Existem ensaios clínicos em andamento utilizando moduladores seletivos de receptores de progesterona, moduladores seletivos de receptores de estrogênio e inibidores de aromatase. Nos dias de hoje, todos esses medicamentos hormonais são considerados o tratamento de primeira linha para mulheres com endometriose para melhorar seus sintomas, para adiar a cirurgia ou para prevenir a recorrência da doença pós-cirúrgica.
Vale ressaltar a necessidade de tratamento individualizado e extrema atenção para o crescimento silencioso da endometriose, uma vez que a maioria das pacientes que utilizam a terapia hormonal passam a não ter mais dor, mas podem manter o desenvolvimento da mesma.
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