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Ginecologia e Obstetrícia25 agosto 2025

TESTO 2025: Testosterona na saúde da mulher

Especialistas se reuniram para discutir as utilidades do uso e da dosagem de testosterona na mulher. Confira!
Por Sérgio Okano

Durante a segunda edição do “Testo 2025 – Evento sobre Testosterona“, que aconteceu em 23 de agosto no Centro de Convenções Rebouças, especialistas se reuniram para discutir as utilidades do uso e da dosagem de testosterona na mulher.

A apresentação inicial ficou a cargo da Dra. Giovana Maffazioli, médica assistente do Departamento de Ginecologia Endócrina da Faculdade de Medicina da USP. Ela destacou que cerca de 82% das mulheres com hiperandrogenismo têm diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos (SOP), seguidos pelo hiperandrogenismo idiopático e pela hiperplasia adrenal congênita, enquanto  os tumores produtores de androgênios  são raros, correspondendo a menos de 1% dos casos. Giovanna explicou que essas síndromes podem ser classificadas em virilizantes e não virilizantes e que a investigação diagnóstica deve seguir fluxogramas específicos. No caso da suspeita de SOP, devem-se seguir as orientações do consenso de 2023, com exclusão de outras causas através da dosagem de hormônios como TSH, prolactina, 17-hidroxiprogesterona, testosterona total, sulfato de DHEA e androstenediona, além da necessidade de afastar o diagnóstico de síndrome de Cushing. Para a hiperplasia adrenal congênita, a confirmação envolve o teste de estímulo com ACTH e a análise de 17-hidroxiprogesterona e cortisol basal e 60 minutos após a realização do teste.

Uso abusivo de androgênios

O professor José Maria Soares Jr, livre-docente em Ginecologia e Obstetrícia pela USP, abordou o uso abusivo de androgênios. Ele ressaltou que, apesar da queda natural dos níveis hormonais ao longo da vida, o ovário mantém alguma produção de testosterona mesmo após a menopausa. A literatura mostra que a testosterona pode melhorar a função sexual, mas isso não justifica prescrição  indiscriminada. O professor lembrou a Resolução CFM nº 2.333/2023, que proíbe a prescrição de testosterona para fins estéticos, e alertou para efeitos adversos como queda de cabelo, engrossamento da voz e aumento do clitóris. Ele reforçou ainda que implantes manipulados não têm respaldo das sociedades médicas.

O Dr. Edson Ferreira Filho, preceptor da disciplina de Ginecologia e Obstetrícia da USP, discutiu os impactos dos androgênios no sistema reprodutor feminino. O doutor destacou que o uso de testosterona promove hiperplasia estromal, aspecto de ovários micropolicísticos, diminuição dos receptores endometriais de estrogênio, atrofia vulvovaginal e amenorreia.
Apesar disso, estudos recentes trazem perspectivas positivas, demonstrando que a suspensão da testosterona pode levar ao retorno dos ciclos ovulatórios, e até ocasionar sucesso de gestações após suspensão do hormônio. O especialista reforçou, porém, que a literatura ainda é limitada e que a discussão sobre preservação da fertilidade deve preceder a terapêutica hormonal.

Os desafios da dosagem laboratorial da testosterona em mulheres

Encerrando a sessão, os médicos Gustavo Maciel e Maria Isadora Chiamolera, assessores médicos do Fleury, abordaram os desafios da dosagem laboratorial da testosterona em mulheres. Eles explicaram que os imunoensaios, embora muito utilizados, podem apresentar limitações, especialmente em valores baixos, devido à reatividade cruzada com outros androgênios, presença de anticorpos heterólogos e interferência da biotina, cuja suspensão é recomendada 72 horas antes da coleta. Os especialistas ressaltaram que o padrão-ouro é a cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (LC-MS/MS), especialmente indicada para mulheres e crianças, em quem as concentrações de testosterona são menores. Em homens cis ou em pessoas trans em terapia com testosterona, os imunoensaios costumam ser suficientes. Por fim, enfatizaram que a dosagem de testosterona em mulheres deve ser feita apenas em contextos específicos, principalmente na investigação de hiperandrogenismo, já que não existe diagnóstico formal de “deficiência de testosterona” na mulher.

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