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Ginecologia e Obstetrícia29 julho 2025

Tendências globais e na China sobre gravidez ectópica

Estudo analisa 30 anos de dados globais sobre gravidez ectópica e projeta tendências até 2040, com foco na China e no mundo.
Por Ênio Luis Damaso

Um artigo recentemente publicado na revista Journal of Obstetrics and Gynaecology Research, intitulado “Global and China burden of ectopic pregnancy (1990–2021): Trends, patterns, and future projections”, de autores chineses, teve como objetivo avaliar o aumento e as tendências temporais da gravidez ectópica na China e no mundo entre 1990 e 2021. O estudo buscou ampliar a conscientização pública sobre essa condição e oferecer subsídios científicos para a formulação de estratégias de prevenção e controle. 

A GE representa 1,3%–2,4% das gestações, mas pode causar ruptura, hemorragia, infertilidade e é importante causa de mortalidade materna no primeiro trimestre. Apesar dos avanços diagnósticos e terapêuticos, os custos e impactos da GE permanecem elevados, exigindo políticas eficazes de prevenção, especialmente em países que estimulam a natalidade. Poucos estudos exploraram suas tendências epidemiológicas com dados recentes. Utilizando o Global Burden of Disease Study 2021 (GBD 2021), este estudo analisou a evolução temporal da GE na China e no mundo, relacionando padrões globais e fatores socioestruturais, como políticas de fertilidade e acesso a serviços de saúde. 

gravidez ectópica

Metodologia 

O estudo utilizou dados do GBD 2021, que reúne informações de mais de 200 países sobre doenças e causas de morte. Para GE, foram analisados registros hospitalares, dados de seguros de saúde e estudos científicos, cobrindo o período de 1990 a 2021, com foco em mulheres de 10 a 54 anos. 

Foram avaliados número de casos, óbitos e impacto em anos de vida perdidos ou com incapacidade, com taxas ajustadas por idade. As tendências ao longo do tempo foram estudadas com modelos estatísticos específicos (Joinpoint e análises por idade, período e coorte), e também feitas projeções até 2040. O único fator de risco incluído foi a deficiência de ferro. Todos os resultados trazem intervalos de confiança para indicar o grau de certeza das estimativas. 

Principais achados 

Entre 1990 e 2021, a população da China cresceu de 1,18 para 1,42 bilhão de pessoas (aumento de 21%), enquanto a população mundial passou de 5,33 para 7,89 bilhões (crescimento de 48%). 

Nesse período, a gravidez ectópica (GE) apresentou mudanças importantes: na China, houve redução de 32% nos casos, 64% nos anos de vida perdidos por incapacidade ou morte (DALYs) e 67% nas mortes por GE. Já no mundo, embora as taxas de incidência e prevalência tenham diminuído cerca de 30%, os DALYs e as mortes aumentaram (cerca de 38%). 

DALY (Disability-Adjusted Life Years) é um indicador que soma os anos de vida perdidos por morte prematura com os anos vividos com incapacidade, permitindo avaliar o impacto total de uma doença na saúde da população. 

A análise mostrou que a faixa etária de maior risco mudou: em 1990, o pico de casos estava entre 20–24 anos, e em 2021 passou para 30–34 anos na China (enquanto globalmente se manteve entre 20–24 anos). A deficiência de ferro, único fator de risco identificado, respondeu por cerca de 15%–18% dos óbitos e DALYs. 

As projeções até 2040 indicam que as taxas de incidência e prevalência devem continuar caindo, enquanto a mortalidade e a incapacidade tendem a se estabilizar ou reduzir levemente. 

Discussão 

Apesar da redução geral, a GE ainda representa um desafio relevante para a saúde materna, sobretudo em regiões com menos acesso a diagnóstico e tratamento. É necessário reforçar políticas públicas, com atenção a nutrição (deficiência de ferro) e ao planejamento reprodutivo, além de ampliar o acesso a diagnóstico precoce e cuidados de emergência. 

Veja também: Combinação de gefitinibe e metotrexato para tratar gravidez ectópica tubária

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Referências bibliográficas

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