Durante a 30ª edição do Congresso Paulista de Obstetrícia e Ginecologia da SOGESP, a mesa de debate informal sobre “Saúde Sexual e Reprodutiva na Diversidade Sexual e de Gênero: Desafios e Avanços” trouxe reflexões sobre acolhimento e atenção integral à saúde da população LGBTQIAPN+.
A sessão foi conduzida pela prof. dra. Lúcia Lara, coordenadora do setor de Sexualidade do Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto da FMRP-USP, e contou com a participação do prof. dr. Eliano Pellini, professor da Faculdade de Medicina do ABC; dr. Vitor Oliveira, vice-coordenador da Comissão de Residência da SOGESP; dra. Elsa Gay, coordenadora do ambulatório de sexualidade humana de ginecologia do HC da FMUSP; e prof. dr. Sérgio Okano, vice-coordenador do Departamento de Diversidade Sexual da Abemss e professor da Universidade de Ribeirão Preto.
O prof. Pellini destacou a carência de capacitação médica no atendimento à população LGBTQIAPN+, ressaltando que grande parte dos profissionais de saúde ainda não se sente preparada para acolher adequadamente esse público.
Na sequência, o prof. Sérgio Okano discutiu a saúde reprodutiva, apontando que a prevenção da gestação não planejada permanece negligenciada nessa população. Defendeu a oferta de técnicas de reprodução assistida sempre que possível, mas também a necessidade de orientar pacientes que optam por métodos não assistidos, como a inseminação caseira, informando sobre riscos envolvidos. Reforçou ainda que não há contraindicação ao uso de contraceptivos hormonais em pessoas LGBTQIAPN+, desde que respeitadas as particularidades individuais.
Veja também: Recomendações na abordagem da população LGBTQIA+ na Atenção Primária à Saúde
A prof. Elsa Gay salientou a importância de manter a avaliação vaginal em mulheres cis homossexuais e homens trans, além de incluir o exame pélvico em mulheres trans, reconhecendo seu papel na validação da feminilidade. Sobre prevenção de ISTs, alertou para os cuidados específicos com a neovagina em cirurgias com inversão peniana, incluindo a recomendação de uso de lubrificantes para maior conforto nas relações sexuais.
O prof. Vitor Oliveira abordou vulnerabilidades globais, com destaque para saúde mental e prevenção de doenças crônicas. Também discutiu práticas comuns em pessoas trans, como o tucking e o uso de binder, e seus impactos sobre a saúde genital. Enfatizou, ainda, a necessidade de debater a vacinação de forma mais ampla e aberta.
A mesa também discutiu o rastreamento de câncer, colocando em pauta os limites e responsabilidades do ginecologista, principalmente na investigação do câncer de próstata em mulheres trans.
O debate foi considerado rico e esclarecedor, trazendo respostas práticas a dúvidas frequentes e reforçando a importância da preparação dos ginecologistas para o atendimento de uma população cada vez mais presente nos consultórios.
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