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Ginecologia e Obstetrícia21 agosto 2025

SOGESP 2025 - Pré-Congresso: Disfunção sexual e saúde da diversidade sexual

No curso pré-congresso do SOGESP 2025“Aspectos Práticos da Intervenção na Saúde Sexual”, especialistas discutiram sobre disfunção sexual e à saúde da diversidade sexual. 
Por Sérgio Okano

No curso pré-congresso Aspectos Práticos da Intervenção na Saúde Sexual, realizado durante a 30ª edição do Congresso Paulista de Obstetrícia e Ginecologia (SOGESP 2025), especialistas discutiram temas relacionados à disfunção sexual e à saúde da diversidade sexual. 

A ginecologista Carla Dias, do Ambulatório de Estudos em Sexualidade Humana do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, destacou a importância de incluir a sexualidade na consulta ginecológica. Segundo ela, a abordagem pode começar com uma pergunta simples: “Você está satisfeita com sua vida sexual?”. A anamnese deve identificar aspectos clínicos e psicogênicos, caracterizar a queixa sexual e apontar a fase da resposta sexual comprometida. Também ressaltou a necessidade de avaliar a qualidade do relacionamento e possíveis disfunções sexuais na parceria. 

Em seguida, a dra. Aline Ambrósio, uma das coordenadoras da pós-graduação em Sexualidade humana da CETRUS, apresentou as causas mais comuns do distúrbio do desejo sexual hipoativo (DSH), que atinge de 10% a 40% da população. Ela enfatizou que o desejo nem sempre é espontâneo e pode surgir como resposta a estímulos, sobretudo da parceria sexual. A especialista chamou atenção para fatores biológicos, como menopausa, hiperprolactinemia, uso de contraceptivos e doenças crônicas (arteriopatias, neuropatias, endocrinopatias, deficiência de vitaminas), além de efeitos de medicamentos como antidepressivos. Também abordou a ativação central em áreas límbicas e do giro do cíngulo, mas destacou que fatores psicogênicos, como depressão, ansiedade e autoimagem, têm papel relevante. A condução terapêutica, segundo ela, deve ser multiprofissional, considerando o contexto biopsicossocial. 

O dr. Sóstenes Postigo, Coordenador do setor de Ginecologia Endócrina e Climatério da Santa Casa de São Paulo, discutiu a sexualidade na população idosa. Ressaltou que o envelhecimento pode reduzir o desejo e aumentar as queixas sexuais, influenciado por fatores como síndrome climatérica (hipoestrogenismo no SNC e trato geniturinário), alterações osteomusculares, distúrbios cognitivos e questões psicológicas. Defendeu a mudança de estilo de vida como ferramenta para melhorar autoestima, humor e energia, além de recomendar cuidados locais com hidratantes, lubrificantes, fisioterapia, terapias com energia, fitoterápicos como Tribulus terrestris e uso de hormônios quando indicado. 

Encerrando o bloco, a professora Flavia Fairbanks, da Universidade de Miami, trouxe uma reflexão sobre o impacto da violência na vida sexual das mulheres. Ela destacou que o Brasil apresenta índices alarmantes de violência de gênero: segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram registrados 66 mil estupros em 2022. Um estudo nacional revelou que 22% das mulheres com disfunção sexual relataram histórico de violência sexual prévia, associada a maior risco de ansiedade e depressão. Em mais de 90% dos casos, os agressores eram conhecidos das vítimas. Fairbanks descreveu o ciclo de violência em três fases: aumento da tensão, episódio de agressão e período de “lua de mel” e reconciliação. E qual o papel do ginecologista nessa abordagem? Realizar o diagnóstico precoce, identificando mudanças no comportamento  e encaminhando esse paciente para avaliação adequada, sobretudo em saúde mental. 

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