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Ginecologia e Obstetrícia22 agosto 2025

SOGESP 2025 - Monitorização e Glicosimetria no Diabetes Mellitus na Gestante

Durante o SOGESP 2025, a conferência “Monitorização e Glicosimetria no Diabetes Mellitus na Gestante”, abordou inovações trazidas pela monitorização contínua da glicose
Por Ênio Luis Damaso

No primeiro dia do Congresso Paulista de Obstetrícia e Ginecologia da (SOGESP 2025), a endocrinologista Dra. Patricia Moreira Gomes, médica assistente do HC-FMRP-USP e doutora pela USP, apresentou a conferência “Monitorização e Glicosimetria no Diabetes Mellitus na Gestante”, com foco nas inovações trazidas pela monitorização contínua da glicose (CGM, Continuous Glucose Monitoring). 

A palestrante destacou que a gestação é um período de maior vulnerabilidade metabólica, em que o controle glicêmico rigoroso se associa diretamente à redução de complicações maternas e neonatais. Tradicionalmente, a automonitorização capilar da glicemia é considerada o padrão-ouro, porém apresenta limitações, como baixa detecção de flutuações glicêmicas e dificuldade de adesão durante toda a gestação. 

Monitorização Contínua da Glicose (CGM) 

A monitorização contínua da glicose é uma tecnologia que utiliza sensores subcutâneos para medir os níveis de glicose no líquido intersticial de forma contínua, geralmente a cada 1 a 5 minutos. Esses dispositivos permitem acompanhar em tempo real a variação glicêmica ao longo do dia e da noite, identificando padrões, episódios de hiperglicemia e hipoglicemia que podem passar despercebidos na automonitorização capilar convencional. Além de fornecer relatórios detalhados sobre métricas como tempo no alvo (TIR), variabilidade glicêmica e tempo em hipoglicemia, a CGM possibilita ajustes terapêuticos mais precisos. 

Segundo a Dra. Patricia, a CGM oferece dados mais completos sobre o perfil glicêmico diário, permitindo avaliar o impacto da dieta, da atividade física, do estresse e do uso da insulina em tempo real. Além de ser uma ferramenta de ajuste terapêutico, atua também como instrumento educativo e comportamental, favorecendo a adesão das pacientes ao plano alimentar e medicamentoso. 

A Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda, para gestantes, a meta de Tempo no Alvo (TIR) entre 63–140 mg/dL, com objetivo de pelo menos 70% do tempo dentro dessa faixa. Evidências do estudo CONCEPTT demonstraram que mulheres com diabetes tipo 1 em uso de CGM que permaneceram mais tempo no alvo (68% vs. 61%), tiveram melhores desfechos perinatais, incluindo menor incidência de macrossomia, hipoglicemia neonatal e necessidade de internação em UTI. 

Evidências recentes e prática clínica 

Foram apresentados dados de estudos observacionais que confirmam maior acurácia do CGM mesmo durante rápidas oscilações glicêmicas e em diferentes tipos de diabetes (DM1, DM2 e DM gestacional). Além disso, a CGM mostrou-se capaz de identificar níveis glicêmicos elevados antes mesmo do diagnóstico clínico de diabetes gestacional, o que reforça seu potencial como ferramenta de rastreamento e prevenção. 

A palestrante ressaltou que, embora a evidência seja mais robusta em gestantes com diabetes tipo 1, pesquisas com diabetes gestacional apontam benefícios no controle glicêmico e na redução de ganho de peso materno, ainda que os resultados em desfechos fetais sejam inconclusivos até o momento. 

Conclusão 

A conferência concluiu que a monitorização contínua da glicose é uma ferramenta promissora e cada vez mais incorporada na prática clínica, complementando (mas não substituindo) a monitorização capilar. O uso de CGM permite maior personalização do cuidado, melhora na adesão e potencial para melhores resultados materno-fetais.

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