No XVIII Congresso da Sociedade Latino-Americana de Medicina Sexual (SLAMS 2025), o Departamento de Diversidade Sexual da ABEMSS promoveu uma mesa de discussão sobre as particularidades em saúde e cuidados da população sexo e gênero diverso.
A abertura foi conduzida pelo Dr. André Cunha, médico ginecologista e coordenador do departamento de Diversidade Sexual da Abemss, que apresentou dados sobre as principais patologias que acometem homens que fazem sexo com homens. Ele destacou a importância da avaliação da saúde mental e chamou atenção para a invisibilidade dos homens bissexuais. Além disso, mostrou que a prevalência de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ainda é elevada nessa população e que as estratégias de controle e prevenção precisam ser mais efetivamente trabalhadas junto a esse grupo.
Cuidado com mulheres lésbicas e bissexuais a partir de uma perspectiva ampliada de saúde
Em seguida, o ginecologista Sérgio Okano, professor da Universidade de Ribeirão Preto, abordou o cuidado com mulheres lésbicas e bissexuais a partir de uma perspectiva ampliada de saúde. Enfatizou a importância da prevenção não apenas de ISTs (baseada nas práticas sexuais de cada paciente), mas também da atenção à saúde reprodutiva e cardiovascular. Encerrando sua fala, apresentou mapas sobre direitos civis e criminalização da homofobia, evidenciando que países como Trinidad e Tobago e Jamaica ainda mantêm leis punitivas contra a prática da sodomia. Ressaltou que, embora o casamento homoafetivo seja reconhecido em alguns países, não há leis que assegurem essa proteção — como ocorre no Brasil. Destacou, ainda, que o Brasil é o único país da região com regulamentação específica para práticas de reprodução assistida em casais homoafetivos, incluindo o método ROPA e a gestação por substituição.
Na sequência, a psicóloga Flávia Glina e especialista em sexualidade, discutiu as nuances da saúde mental dessa população na América Latina. Apontou que os agravos não decorrem da identidade LGBT+, mas sim da imposição social e cultural da heteronormatividade, que gera discriminação e exclusão.
Por fim, o Dr. Marcelo Praxedes, professor do Centro Universitário São Camilo, apresentou as dificuldades enfrentadas por pessoas trans no acesso e permanência no cuidado em saúde. Destacou a escassez de ambulatórios especializados e comentou sobre a recente resolução do Conselho Federal de Medicina que, embora suspensa por liminar judicial, buscava restringir o acesso dessa população ao sistema de saúde.
O workshop gerou intensas discussões sobre a necessidade de inclusão da temática, especialmente na formação de profissionais de saúde.
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