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Ginecologia e Obstetrícia18 março 2025

Risco de Tromboembolismo Venoso (TEV) com o Uso de Contraceptivos Orais Combinados (COCs)

Os contraceptivos orais combinados (COCs) são amplamente utilizados como método anticoncepcional e também para o tratamento de dismenorreia, sangramento uterino anormal (SUA), acne e tensão pré-menstrual. No entanto, o uso de COCs está associado a um aumento no risco de tromboembolismo venoso (TEV). Portanto, é essencial que os médicos realizem uma avaliação clínica minuciosa antes …

Por Fabiano Serra

Os contraceptivos orais combinados (COCs) são amplamente utilizados como método anticoncepcional e também para o tratamento de dismenorreia, sangramento uterino anormal (SUA), acne e tensão pré-menstrual. No entanto, o uso de COCs está associado a um aumento no risco de tromboembolismo venoso (TEV). Portanto, é essencial que os médicos realizem uma avaliação clínica minuciosa antes de prescrevê-los.

Avaliação do Risco de TEV

Todas as formulações de COCs elevam o risco de TEV. Contudo, esse risco pode ser minimizado através da escolha de formulações com hormônios menos trombogênicos, como levonorgestrel ou estetrol, e pela redução da quantidade de estrogênio, por exemplo, diminuindo de 50 para 35 mcg de etinilestradiol (EE).

Interação entre Progestagênios e Estrogênio

A interação entre os diferentes progestagênios e o EE é um fator crucial a ser considerado. Progestagênios com menor ação androgênica (gestodeno, desogestrel e norgestimato) e aqueles com ação antiandrogênica (acetato de ciproterona e drospirenona) apresentam maior risco de TEV em comparação com progestagênios com maior efeito androgênico (levonorgestrel, noretisterona, noretindrona e dienogeste). Além disso, a substituição do componente estrogênico, utilizando estradiol ou estetrol, pode conferir menor potencial trombogênico ao COC.

Dados de Risco

  • Mulheres não usuárias de hormônios: Risco de TEV é de 1-5/10.000 mulheres-ano.
  • Usuárias de COCs: Risco de TEV é de 3-9/10.000 mulheres-ano.
  • Gravidez: Risco de TEV é de 5-20/10.000 mulheres-ano.
  • Pós-parto: Risco de TEV é de 40-65/10.000 mulheres-ano.

A incidência de TEV também aumenta com a idade. Em mulheres de 30 a 34 anos, o risco é de 2,5/10.000 mulheres-ano, enquanto naquelas entre 60 e 64 anos, o risco sobe para 9,3/10.000 mulheres-ano.

Mecanismo de Ação dos Estrogênios

Os estrogênios aumentam a concentração sérica dos fatores de coagulação, como protrombina, fatores VII, VIII e X e fibrinogênio, e reduzem a dos anticoagulantes, como proteínas C e S e antitrombina. Esse risco é maior em mulheres portadoras de trombofilias hereditárias. Contudo, a pesquisa de trombofilias deve ser restrita a pacientes com história pessoal ou familiar de TEV, pois a maioria das mulheres com trombofilias hereditárias não desenvolverá TEV, assim como a maioria das mulheres com TEV não possui trombofilias hereditárias.

Período de Maior Risco

O aumento do risco de TEV é mais significativo nos primeiros seis meses de uso dos COCs e depois diminui até o 12º mês de uso. Após o primeiro ano, o risco estabiliza-se próximo ao risco da não usuária.

Considerações Pré-Cirúrgicas

Para mulheres que necessitam de suspensão dos COCs antes de uma cirurgia, recomenda-se interromper o uso no mês anterior à cirurgia para diminuir o risco de TEV. Após a cirurgia, deve-se aguardar três meses para a reintrodução dos COCs, minimizando o risco de TEV no pós-operatório.

Os COCs, embora eficazes como método anticoncepcional e no tratamento de várias condições ginecológicas, apresentam um risco aumentado de TEV. A escolha cuidadosa das formulações e a avaliação individualizada do risco são fundamentais para garantir a segurança das pacientes. A avaliação prévia de fatores de risco, a consideração de alternativas menos trombogênicas e o monitoramento contínuo são práticas essenciais para minimizar os riscos associados ao uso de COCs.

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Fabiano Serra

Redator Gopapers

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