Uma boa assistência ao parto vaginal e uma gestante bem informada sobre as fases do parto podem diminuir o comprometimento do assoalho pélvico, e uma consequente incontinência urinária (IU) pós-parto. Durante muitos anos o puxo dirigido pelo obstetra foi utilizado com objetivo de abreviar o período expulsivo, mas ao longo das últimas décadas, vários estudos desencorajaram essa técnica, por prejudicar o assoalho pélvico.
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Neste ano de 2022, foi publicada uma revisão sistemática e metanálise no International Urogynecology Journal, com o objetivo de avaliar o risco de IU pós-parto e nos resultados do parto em mulheres que foram assistidas utilizando o puxo dirigido ou espontâneo durante o trabalho de parto.
Métodos
Os autores pesquisaram em bases de dados científicas estudos relacionados à incontinência urinária pós-parto e resultados do parto quando a técnica de empurrar entre 1986 a 2020. Estudos controlados randomizados que avaliaram primíparas saudáveis que utilizaram a técnica de empurrar na segunda fase do trabalho de parto foram incluídos. De acordo com as diretrizes do Cochrane Handbook, o risco de viés foi avaliado e metanalisado. A certeza da evidência foi avaliada usando a abordagem GRADE.
Resultados
Os pesquisadores incluíram 17 estudos controlados randomizados, com um total de 4.606 primíparas. A mudança nos escores de IU desde a linha de base até o pós-parto foi significativamente menor com o resultado do puxo espontâneo. Embora as mulheres estivessem em decúbito dorsal durante o segundo estágio, o grupo de puxo dirigido mostrou um trabalho de parto significativamente mais curto em 21,39 min em comparação com o grupo de puxos espontâneos, não houve diferença na duração do segundo estágio do trabalho de parto entre os dois grupos.
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Conclusão
Os autores concluíram que as primíparas que estavam na posição ereta e experimentaram puxos espontâneos durante o segundo estágio do trabalho de parto poderiam reduzir sua pontuação de IU desde a linha de base até o pós-parto, mas o trabalho de parto foi mais longo.
Mensagem prática
Vale ressaltar que apesar de mais breve o trabalho de parto no puxo dirigido, a apneia realizada pela parturiente pode diminuir o aporte de oxigênio ao feto. O artigo que trouxe para discussão não aborda o desfecho neonatal dos dois grupos, sendo necessários mais estudos para podermos melhorar a assistência prestada às gestantes.
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