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Ginecologia e Obstetrícia17 dezembro 2025

PlGF no manejo do feto pequeno para a idade gestacional

Estudo avaliou o uso do sFlt-1/PlGF para orientar o momento do parto em gestações com suspeita de feto pequeno. Confira os resultados!

A edição de dezembro de 2025 da BJOG: An International Journal of Obstetrics & Gynaecology publicou o estudo “Placental Growth Factor Led Management of the Small for Gestational Age Fetus: Randomised Controlled Feasibility Study”, que avalia a possibilidade de utilizar biomarcadores angiogênicos para orientar o momento ideal do parto em gestações com suspeita de feto pequeno para a idade gestacional (PIG).  

Os biomarcadores analisados, o sFlt-1 e o PlGF, são proteínas relacionadas à função placentária. O sFlt-1 é um fator antiangiogênico, enquanto o PlGF é pró-angiogênico. A relação entre eles reflete o equilíbrio vascular da placenta e tem se mostrado útil não apenas na predição de pré-eclâmpsia, mas também no acompanhamento de gestações com potencial comprometimento do crescimento fetal.  

A proposta foi verificar se um grande ensaio clínico poderia ser realizado de forma segura e aceitável, integrando avaliação clínica, percepção de gestantes e profissionais de saúde e análise econômica. 

Métodos 

O estudo foi realizado em dois hospitais terciários do Reino Unido com gestantes entre 32 e 37 semanas com suspeita de feto pequeno para a idade gestacional e doppler umbilical normal. As participantes foram randomizadas na proporção de três para um entre cuidado guiado pelo resultado do biomarcador e cuidado padrão.  

No grupo intervenção, valores de sFlt-1/PlGF inferiores a 38 pg/mL orientavam a manutenção da gestação até 40 semanas; valores iguais ou superiores a esse limite levavam à consideração do parto a partir de 37 semanas.  

O grupo controle seguiu exclusivamente o manejo habitual. Além do ensaio randomizado, o estudo incorporou entrevistas, aplicação de questionários e coleta de dados econômicos para avaliar a viabilidade ampla do protocolo. 

Resultados 

Das 128 mulheres convidadas a participar, 78 mulheres foram recrutadas, dando uma taxa de recrutamento de 60,1% (intervalo de confiança de 95%: 52%–69%). Sessenta e sete das 78 mulheres consentiram com a randomização. Dezesseis pais e 12 profissionais de saúde foram entrevistados. Quarenta pais preencheram um questionário.  

As entrevistas com gestantes, parceiros e profissionais mostraram que o uso do biomarcador foi considerado compreensível e útil para apoiar decisões clínicas, embora tenham sido relatadas dificuldades relacionadas à logística de consultas adicionais e ao tempo envolvido na participação.  

Os desfechos neonatais não diferiram entre os grupos e não houve eventos adversos significativos. A coleta de informações econômicas foi factível, permitindo estimar custos associados a futuras pesquisas e potenciais impactos da incorporação do biomarcador no cuidado obstétrico. 

Mensagem prática 

O estudo demonstra que o uso de sFlt-1/PlGF como ferramenta adicional no manejo de gestações com suspeita de feto pequeno após 32 semanas é aceitável do ponto de vista clínico, das gestantes e de seus familiares. A análise econômica preliminar reforça a possibilidade de realizar um estudo maior.  

No entanto, os autores destacam que a viabilidade total ainda depende de aperfeiçoamentos operacionais, maior padronização entre centros e estratégias que reduzam a carga para as pacientes. Embora não conclusivo, o estudo contribui para o crescente interesse no uso de marcadores placentários em decisões obstétricas e abre caminho para ensaios mais amplos que possam definir seu papel definitivo na prática clínica. 

Autoria

Foto de Ênio Luis Damaso

Ênio Luis Damaso

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).

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Referências bibliográficas

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