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Ginecologia e Obstetrícia30 abril 2024

Papel da Terapia Cognitiva-Comportamental no tratamento da bexiga hiperativa 

Estima-se que a prevalência de bexiga hiperativa varie entre 10% e 20% em mulheres, com maior incidência observada entre idosas 

A bexiga hiperativa (BH) é caracterizada por urgência ao urinar, com ou sem incontinência de urgência, muitas vezes acompanhada de frequência e noctúria. Um estudo publicado no JAMA Network Open examinou a eficácia de uma intervenção multicomponente na melhoria da qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), através de um ensaio clínico multicêntrico, aberto e randomizado de grupos paralelos, conduzido no Japão. Foram recrutadas entre 2020 e 2022, por meio de autorreferência via anúncios ou encaminhamentos, mulheres de 20 a 80 anos com diagnóstico de bexiga hiperativa (BH) de moderada a grave. Após o processo de triagem, as participantes foram randomizadas 1:1 para o grupo de intervenção multicomponente ou para o grupo de lista de espera. 

A terapia comportamental abrange modificações no estilo de vida, treinamento da bexiga e dos músculos do assoalho pélvico. Esse estudo se concentrou no potencial da terapia cognitiva-comportamental (TCC) como tratamento para a bexiga hiperativa. TCC compreende sessões estruturadas que promovem o empirismo colaborativo entre terapeutas e pacientes. 

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No grupo de intervenção foi desenvolvido um programa de terapia multicomponente composto por 4 sessões de 30 minutos cada e 6 técnicas, incluindo habilidades cognitivas e comportamentais, implementadas ao longo de 4 semanas. As técnicas incluíram: automonitoramento dos hábitos urinários; sessões educativas sobre o trato urinário; modificações no estilo de vida, como restrições à ingestão de água e café; treinamento muscular do assoalho pélvico e da bexiga e prevenção de recaídas. 

No grupo controle da lista de espera, os participantes nunca haviam recebido uma intervenção multicomponente antes e a receberam pela primeira vez após o término do ensaio. Em ambos os grupos, os participantes foram autorizados a continuar a farmacoterapia iniciada, sem alterar a dose. O tamanho amostral alvo foi fixado em 150 participantes, no entanto, devido a atrasos no recrutamento causados pela pandemia de covid-19 e ao esgotamento da bolsa de investigação, o recrutamento foi suspenso após atingir 79 participantes. 

Papel da Terapia Cognitiva-Comportamental no tratamento da bexiga hiperativa 

Imagem de freepik

Resultados e discussão do uso de terapia cognitiva-comportamental no tratamento da bexiga hiperativa 

Um total de 79 mulheres foram randomizadas para o grupo de intervenção (39 participantes; idade média [DP], 63,5 [14,6] anos) ou para o grupo de controle da lista de espera (40 participantes; idade média [DP], 63,5 [12,9] anos). Um participante de cada grupo desistiu da intervenção alocada, enquanto 5 participantes no grupo de intervenção e 2 no grupo de controle desistiram da avaliação do resultado primário na semana 13. Trinta e seis participantes (92,3%) no grupo de intervenção e 35 (87,5%) no grupo controle apresentavam BH moderada. A mudança na pontuação total da QVRS desde o início até a semana 13 foi de 23,9 pontos (IC 95%, 18,4-29,5 pontos) no grupo de intervenção e 11,3 pontos (IC 95%, 6,2-16,4 pontos) no grupo da lista de espera, uma diferença significativa de 12,6 pontos (IC 95%, 6,6-18,6 pontos; P < 0,001). Superioridade semelhante da intervenção foi confirmada para frequência de micção e urgência, mas não para pontuação de sintomas de BH. 

Existem várias hipóteses sobre o efeito da abordagem cognitiva na BH. Uma série de casos mostrou que a urgência urinária pode ser desencadeada não apenas pela sensação, mas também por processos cognitivos e outros estudos de imagens funcionais do cérebro sugeriram que a urgência sensorial tem um componente afetivo e que as áreas cerebrais envolvidas são semelhantes aquelas ativadas por outras sensações desagradáveis, como dor, dispneia, prurido e vontade de tossir. Consequentemente, uma abordagem cognitiva pode ser essencial para modificar tanto a percepção dos sintomas quanto as respostas comportamentais.  

Conclusão 

Uma intervenção multicomponente melhorou a QVRS para mulheres com bexiga hiperativa de moderada a grave e demonstrou alta viabilidade. Os resultados do estudo demonstram a eficácia de uma intervenção multicomponente com componentes cognitivos para mulheres com BH moderada a grave, sendo uma opção de tratamento.

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