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Ginecologia e Obstetrícia14 junho 2022

Obesidade: aumento da dose de levonorgestrel pode melhorar a eficácia da contracepção de emergência?

A obesidade, morbidade de prevalência em ascensão no mundo todo, é um dos fatores que diminui a eficácia da contracepção de emergência.

A contracepção de emergência com 1,5 mg de levonorgestrel (LNG) é amplamente conhecida e disponível em muitos países, inclusive no Brasil. Tem sua indicação de uso após o coito desprotegido para evitar a gravidez não planejada. Sua eficácia pode chegar até a 90% e seu principal mecanismo de ação é inibir o pico do hormônio LH e, então, a ovulação.

A obesidade, morbidade de prevalência em ascensão no mundo todo, é um dos fatores que diminui a eficácia desse contraceptivo de emergência, provavelmente devido à redução de 50% nos parâmetros farmacocinéticos. Alguns trabalhos mostraram um risco de mais de 4 vezes de ocorrer gravidez não planejada mesmo após o uso de LNG 1,5 mg (odds ratio 4,41, IC 95%: 2,05–9,44) em mulheres com IMC maior de 30 kg/m2.

Um estudo conduzido em Oregon Health & Science University e Eastern Virginia Medical School, de 2017 a 2021, foi publicado no OBSTETRICS & GYNECOLOGY recentemente. O estudo teve objetivo de analisar se a duplicação da dose do LNG para 3,0 mg indicaria uma maior eficácia da contracepção de emergência em mulheres obesas.

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Obesidade aumento da dose de levonorgestrel pode melhorar a eficácia da contracepção de emergência

Metodologia

As mulheres recrutadas tinham de 18 a 35 anos, IMC maior que 30 kg/m2, sem patologias, sem uso de contraceptivos hormonais, com ciclos regulares e progesterona dosada na fase lútea compatível com ovulação.

Essas mulheres começavam sua monitorização do 6º ao 8º dia do ciclo, em dias alternados com ultrassonografia transvaginal. A monitorização ocorria até a identificação do folículo dominante de 15 mm. Elas eram então randomizadas para 1,5 ou 3,0 mg de levonorgestrel. Após tomada a medicação, as mulheres eram monitorizadas diariamente até observado a ruptura do folículo ou por 7 dias, caso não acontecesse a ruptura.

A hipótese dos autores era que haveria mais ovulação (ruptura dos folículos) no grupo que tomou 1,5 mg de LNG do que no grupo 3,0 mg. O desfecho primário foi, então, a diferença na proporção de mulheres com não ruptura do folículo até o 5º dia pós uso do medicamento (tempo de sobrevivência do espermatozoide no trato genital feminino).

Resultados

Um total de 70 mulheres concluíram o estudo. Os dois grupos tinham características semelhantes (média de idade de 28 anos e de IMC de 38 kg/m2). Não foi encontrado diferença entre os grupos (1,5 vs 3,0 mg de LNG) na proporção de mulheres sem ruptura folicular após o 5º dia pós administração do LNG (1,5 mg: 18/35 [51,4%]; 3,0 mg: 24/35 [68,6%]; p=0,14). Entre as mulheres em que houve ruptura dos folículos antes do 5º dia, não houve diferença no tempo de que isso ocorreu.

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Conclusões

Os autores afirmam que mulheres obesas apresentam maior falha do contraceptivo de emergência com LNG e que o perfil farmacocinético dessa substância é alterado nessas mulheres. Entretanto, a estratégia de dobrar a dose (de 1,5 mg para 3,0 mg) parece não ser efetiva para aumentar a eficácia do método nessas mulheres.

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