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Ginecologia e Obstetrícia4 julho 2025

Novas diretrizes para abordagem das Disfunções Sexuais em populações LGBTQIA+

Novas diretrizes internacionais reforçam abordagem inclusiva e baseada em evidências para abordagem das Disfunções Sexuais em populações LGBTQIA+  
Por Sérgio Okano

A avaliação das disfunções sexuais na população LGBTQIA+ ainda é incipiente e frequentemente baseada em modelos cis-heteronormativos. Devido a essa lacuna, a Fifth International Consultation on Sexual Medicine (ICSM), publicou, em abril de 2025, um conjunto de recomendações com o objetivo de oferecer uma visão inclusiva e que valores as particularidades dessa população baseadas em evidências.  

Por meio de uma revisão abrangente da literatura científica recente foram analisados 178 estudos, publicados entre 2018 e 2023, que abordavam adultos LGBTQIA+ em três grupos principais destacando sobretudo a escassez de instrumentos de avaliação de função sexual validados para essas populações.  

Veja mais: Saúde LGBTQIA+ na prática: um guia para o atendimento médico [e-book]

Pessoas com orientações sexuais diversas

Nos estudos avaliados, lésbicas, gays e pessoas bissexuais apresentaram maior prevalência de queixas sexuais em comparação à população heterossexual. Entre homens gays e bissexuais, a disfunção erétil e a ejaculação precoce foram mais prevalentes do que o desejo sexual hipoativo (DSH). Também foi relatada uma alta prevalência de anodispareunia entre homens que fazem sexo com homens com uma estimativa de 77,1% de dor durante sexo anal receptivo. Já entre mulheres lésbicas e bissexuais, há maior prevalência de transtornos do interesse/desejo sexual e dor genito-pélvica em comparação a mulheres heterossexuais. Fatores psicossociais como estresse de minoria, vergonha internalizada e discriminação foram associados a menor satisfação e função sexual.  

Os estudos também apontam práticas como o uso de substâncias para amplificação do prazer sexual (chemsex) e como ela se relaciona a disfunções sexuais (disfunção erétil, ejaculação retardada e DSH após o uso), além de riscos psicossociais.  

Pessoas transgênero e de gênero diverso (TGD):  

Estudos indicam alta prevalência de disfunções sexuais em pessoas TGD (87,8% entre homens trans e 92,3% entre mulheres trans, segundo a escala ASEX). A satisfação sexual parece ser mais impactada pela da imagem corporal e da congruência de gênero do que o efeito real dos processos de afirmação de gênero. O uso de testosterona em homens trans está associado a aumento do desejo sexual, da frequência de orgasmos e da duração, embora também possa causar dispareunia, pela atrofia vaginal provada pelo hormônios; enquanto os estrogênios e medicações antiandrogênicas, em mulheres trans, podem reduzir o desejo e modificar a experiência orgástica, tornando-a mais corporal e menos genital.  

Cirurgias afirmativas como mastectomia e genitais, geralmente, contribuem para o bem-estar sexual, embora os níveis de satisfação variem de acordo com os estudos. Apesar disso, é importante ressaltas que após a vaginoplastia, entre 70% e 83% das pacientes relataram capacidade de atingir orgasmo, e 69% relataram lubrificação satisfatória.  

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Pessoas intersexo:  

Os achados para pessoas com DDS são variados e muitas vezes inconclusivos, embora alguns estudos relatam menor atividade e satisfação sexual quando comporados à população geral. A função sexual também parece ser influenciada por fatores como autoimagem genital e suporte psicossocial, e não somente pelo impaacto das intervenções médicas em si.  

Essa publicação reforça que a sexualidade na população LGBTQIA+ deve ser avaliada de maneira ampla, integrando não somente a função sexual, mas o prazer, desejo, satisfação e o impacto da autoaceitaçao da identidade e corporal. Não há concenso sobre o impacto das Intervenções, sobretudo em pessoas intesexo, e, por isso, as condutas devem ser individualizadas, respeitando a autonomia e os objetivos de cada indivíduo.  

 

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Referências bibliográficas

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