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Ginecologia e Obstetrícia26 junho 2025

Impactos cardiovasculares da exposição pré-natal à metformina

Estudo experimental avalia os efeitos da exposição pré-natal à metformina em camundongos obesos, revelando impactos na saúde cardiovascular.

Foi recentemente publicado o artigo intitulado “Cardiovascular outcome in 12-month-old male and female offspring of metformin-treated obese mice”, de autoria de Schoonejans JM e colaboradores, na revista The Journal of Physiology (junho de 2025). Este periódico é uma das publicações de tradição na área de fisiologia, reconhecido por divulgar estudos experimentais que investigam mecanismos biológicos com relevância clínica. 

O estudo aborda um tema de grande interesse na obstetrícia e na saúde materno-infantil: os possíveis efeitos da exposição pré-natal à metformina sobre a saúde cardiovascular da prole. Com o aumento da obesidade materna e da incidência de diabetes gestacional, o uso da metformina durante a gravidez tem sido cada vez mais frequente, não apenas para o controle glicêmico, mas também em situações como síndrome dos ovários policísticos e obesidade sem diabetes. 

O objetivo do estudo foi investigar, em um modelo experimental com camundongos com obesidade induzida por dieta, os efeitos cardiovasculares da exposição intrauterina à metformina.  

pré-natal

Métodos 

Utilizou-se um modelo experimental com fêmeas de camundongos, que foram divididos em três grupos: controle (dieta padrão), obesas (dieta hiperlipídica e hiperglicídica) e obesas tratadas com metformina. O tratamento com metformina (300 mg/kg/dia) foi iniciado uma semana antes da concepção e mantido até o final da gestação. 

Após o nascimento, todos os filhotes foram desmamados com dieta padrão. As avaliações ocorreram até os 12 meses de idade (equivalente à meia-idade humana). As análises incluíram: mensuração seriada da pressão arterial por pletismografia de cauda; avaliação da função cardíaca por ecocardiografia em três momentos (3, 6 e 12 meses); estudo da reatividade vascular em artérias femorais por miografia de fio; e análise da expressão gênica de marcadores de remodelamento cardíaco por PCR quantitativo. Também foi realizada análise histológica da aorta para mensuração da espessura da camada média. As avaliações laboratoriais de hormônios séricos foram baseadas em dados previamente publicados pelos autores. 

Resumo dos resultados 

  • Número de animais avaliados: 130 camundongos (machos e fêmeas), provenientes de 54 mães, distribuídos nos grupos controle (Con), obesidade sem metformina (Ob) e obesidade com metformina (Ob-Met). 
  • Principais achados: 
  • Fêmeas: 
  • Peso corporal: Aumento significativo no grupo Ob-Met aos 12 meses. 
  • Pressão arterial: PAS aumentada nos grupos Ob e Ob-Met desde os 3 meses, com manutenção até os 12 meses. 
  • Frequência cardíaca: Redução sustentada no grupo Ob-Met. 
  • Vascular: Hiper-reatividade a K+ nas Ob; aumento da espessura da túnica média da aorta nas Ob, não revertido com metformina. 
  • Função cardíaca: Alterações diastólicas iniciais nas Ob (aos 3 meses), com normalização até os 12 meses. Ob-Met apresentou queda de débito cardíaco aos 6 meses, com recuperação posterior. 
  • Não houve diferença significativa na expressão dos genes avaliados 
  • Machos: 
  • Pressão arterial: Sem diferenças entre os grupos. 
  • Vascular: Ob-Met apresentaram aumento da resposta contrátil à fenilefrina aos 12 meses. 
  • Função cardíaca: Diástole comprometida nos Ob-Met, com piora precoce e persistente na onda A e DT, além de aumento de expressão de colágeno tipo IV e maior peso cardíaco aos 12 meses. 

 O que podemos levar para casa? 

A exposição intrauterina à obesidade materna e ao metformina levou a alterações cardiovasculares na prole, com diferenças por sexo. As fêmeas apresentaram hipertensão e alterações vasculares, enquanto os machos tiveram disfunção diastólica mais evidente e alterações estruturais cardíacas. 

Esses achados reforçam a necessidade de acompanhamento a longo prazo das crianças expostas à metformina durante a gestação e indicam que mais estudos em humanos são necessários para avaliar riscos semelhantes. 

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Referências bibliográficas

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