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Ginecologia e Obstetrícia5 maio 2023

Gravidez ectópica em cicatriz: ressecção histeroscópica x dilatação guiada por USG

A gravidez ectópica em cicatriz de cesariana (GEC) pode levar a hemorragia e consequentemente a histerectomia.

A gravidez ectópica em cicatriz de cesariana (GEC) pode levar a hemorragia e consequentemente a histerectomia, apresentando altos índices de morbidade e mortalidade quando não diagnosticado e tratado precocemente. Várias abordagens têm sido estudadas para o manejo da GEC em mulheres que optaram pela interrupção da gravidez, contudo não existe consenso sobre a melhor modalidade de tratamento até o momento. 

Em maio de 2023 foi publicado um artigo no American Journal of Obstetrics & Gynecology, com o objetivo de comparar a taxa de sucesso da ressecção histeroscópica versus dilatação guiada por ultrassom e evacuação (D&E) para tratamento de GEC.  

Realização de ultrassonografia pelo enfermeiro

Métodos

Os pesquisadores realizaram um ensaio clínico aleatório de grupo paralelo, não cego, conduzido em um único centro na Itália. Foram selecionadas mulheres com gestações únicas com menos de 8 semanas e 6 dias de gestação, sendo que  os critérios de inclusão foram mulheres com GEC com atividade cardíaca embrionária positiva que optaram pela interrupção da gravidez. As pacientes foram randomizadas 1:1 para receber ressecção histeroscópica (ou seja, grupo de intervenção) ou D&E guiada por ultrassom (ou seja, grupo de controle).

Os médicos prescreveram para ambos os grupos receberam 50 mg/m2 de metotrexato (MTX) por via intramuscular no momento da randomização (dia 1) e outra dose no dia 3. Uma terceira dose de MTX foi planejada em caso de persistência da atividade cardíaca fetal positiva no dia 5. As participantes realizaram D&E guiada por ultrassom ou ressecção histeroscópica de 1 a 5 dias após a última dose de MTX. Sendo que a ressecção histeroscópica foi realizada sob raquianestesia, utilizando minirressectoscópio bipolar de 15 Fr. Ja a D&E foi realizada por aspiração a vácuo com cânula de Karman, seguida de curetagem cortante, se necessário, guiada por ultrassom. 

Resultados

Os resultados obtidos pelos autores foram os seguintes:  

  • No geral, 10 mulheres receberam uma terceira dose de MTX, 7/27 (25,9%) no grupo de ressecção histeroscópica e 3/27 (11,1%) no grupo D&E.  
  • A taxa de sucesso foi de 100% (27/27) no grupo de ressecção histeroscópica e 81,5% (22/27) no grupo D&E (RR 1,22, IC 95% 1,01 a 1,48).  
  • Procedimentos adicionais foram necessários em cinco casos do grupo controle: três histerectomias, uma ressecção segmentar uterina laparotômica e uma ressecção histeroscópica.  
  • O tempo de internação foi de 9,0±2,9 dias no grupo intervenção e 10,0±3,5 dias no grupo controle (MD -1,00 dias, IC 95% -2,71 a 0,71). 

Conclusão e mensagem prática

Esses resultados confirmam o que vemos na prática clínica em relação a superioridade da histeroscopia com os procedimentos de dilatação cervical e aspiração ou curetagem. Afinal, a histeroscopia é um procedimento que conseguimos realizar sob visão direta, sendo mais preciso não só no tratamento de GEC, como na endometrectomia e polipectomia, por exemplo.

Este artigo foi produzido em parceria com a Elsevier, utilizando os conteúdos baseados em evidências disponíveis na plataforma ClinicalKey. Clique aqui para saber mais.

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Referências bibliográficas

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