Fixação do ligamento sacroespinhoso para tratamento de prolapso apical
O prolapso apical representa 20% dos prolapsos genitais e, dependendo do grau, sua cirurgia ainda pode ser desafiadora para muitos ginecologistas.
As vias laparoscópica ou robótica são o padrão-ouro para o prolapso apical, contudo não são indicadas para todas as pacientes e têm um custo mais elevado. O reparo transvaginal apical é uma opção para correção do prolapso, mas as técnicas hoje existentes necessitam de ampla dissecção para acessar o ligamento sacroespinhoso (LSE), além do uso de telas em grande parte delas. Com o alerta da US Food and Drugs Administration (FDA) sobre o uso de telas vaginais para correção de prolapso, elas têm sido abandonadas e novas técnicas têm sido estudadas e procuradas pelos cirurgiões.
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O EnPlace (FEMSelect, Tel Aviv, Israel) é um novo dispositivo minimamente invasivo para fixação do LSE transvaginal com o objetivo de corrigir defeito apical. A técnica proposta pelo fabricante permite a fixação do LSE sem necessidade de extensa dissecção ou telas. O objetivo do presente estudo foi investigar a segurança e a eficácia a curto prazo da fixação EnPlace SSL para reparo apical POP significativo (estágio III-IV). Trago um estudo publicado no International Journal of Gynecology & Obstetrics que teve como objetivo investigar a segurança e a eficácia a curto prazo da fixação do LSE utilizando o dispositivo EnPlace no reparo de POP apical significativo.
Métodos
Os pesquisadores realizaram um estudo de coorte retrospectivo de 123 pacientes consecutivas (idade média de 64,4 ± 11,1 anos) com POP apical estágio III ou IV submetidas à fixação do LSE pelo dispositivo EnPlace.
Resultados
De acordo com os autores, não houve complicações intraoperatórias ou pós-operatórias precoces, a duração média da cirurgia foi de 30 ± 6,9 min e a perda sanguínea média foi de 30,5 ± 18,5 mL. Além disso, a posição média do ponto C pelas medidas de quantificação POP antes da cirurgia e 6 meses após a cirurgia foi de 4,5 ± 2,8 cm e −3,1 ± 3,3 cm, respectivamente. Das 91 pacientes com prolapso uterino pré-operatório, oito (8,8%) pacientes desenvolveram prolapso uterino recorrente dentro de 6 meses após a cirurgia. E das 32 pacientes com prolapso de cúpula pré-operatório, duas pacientes (6,3%) tiveram prolapso de cúpula recorrente.
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Conclusão e mensagem prática
A utilização do dispositivo EnPlace é segura e eficaz para correção de prolapso apical, contudo ainda são necessários mais estudos que avaliem seus efeitos em longo prazo. Além disso, não ficou claro no estudo se a técnica para a utilização do dispositivo é de fácil reprodutibilidade, e como seria o treinamento dos cirurgiões para sua utilização com segurança. Também é importante avaliar custos, pois, mesmo que ele seja mais econômico que a cirurgia robótica e laparoscópica, a economia e o sistema de saúde brasileiro têm suas particularidades que devem ser levadas em conta.
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