Um grupo de cientistas alemães publicou recentemente um artigo na revista Reproduction and Fertility cujo objetivo era investigar se o número absoluto de espermatogônias no testículo de mulheres trans, no momento da cirurgia de redesignação de gênero, era comparável a garotos pré-púberes.
Leia também: Retrospectiva 2022: principais temas sobre saúde na população LGBTQIA+
Background
Preservação de fertilidade pode ser oferecida para homens sob risco de infertilidade devido a condições médicas. Após o início da puberdade e espermatogêneses, essa preservação pode ser feita através do armazenamento de esperma e em garotos pré-púberes através da criopreservação de tecido testicular.
O estudo aqui descrito foi desenvolvido para analisar o tecido testicular de mulheres trans na Alemanha e, assim, propor estratégias para preservação da fertilidade nessas pessoas, uma vez que a terapia hormonal, na maioria das vezes, inibe a espermatogênese.
Métodos
Trata-se de um estudo retrospectivo de análise de tecidos testiculares de 25 indivíduos, que foram submetidos a um regime de terapia hormonal sexual usando acetato de ciproterona (10 ou 12,5 mg) e estrogênios. Como controle, foram analisadas biópsias testiculares de 5 homens adultos cisgênero (35 a 48 anos) e 5 meninos pré/púberes (5 a 14 anos). Foi avaliado o número de espermatogônias por área e valores séricos de FSH, LH, testosterona, testosterona livre, estradiol e prolactina.
Resultados
A espermatogênese foi inibida nos 25 indivíduos estudados. As espermátides foram o tipo de célula germinativa mais avançado em 3 indivíduos, enquanto espermatócito em 5 indivíduos e 17 mostraram uma parada espermatogonial.
Em média, os tecidos testiculares de 19 mulheres trans continham 25,15 espermatogônias/mm³, número que foi significativamente reduzido em comparação com os dois grupos controle (P < 0,01, adultos 80,65 espermatogônias/mm³, meninos pré/púberes 78,55 espermatogônias/mm³). A análise de regressão linear revelou que os testículos com maior peso e LH alto continham mais espermatogônias.
Mensagem final
Quando mulheres trans passam por tratamento para redesignar seu gênero, suas células germinativas são afetadas e elas perdem a fertilidade após a cirurgia. Então, a preservação da fertilidade se torna um tópico importante. No estudo descrito, em média, as amostras dos testículos de mulheres trans continham um número menor de células espermáticas precoces em comparação com os dois grupos controle. Independentemente das doses ou duração do tratamento hormonal, a fertilidade de mulheres trans foi significativamente reduzida, de modo que o aconselhamento sobre preservação da fertilidade deveria ser oferecido antes da terapia hormonal.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.