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Ginecologia e Obstetrícia25 março 2022

Estratégias para alívio da dor pós-cesárea

Em março de 2022 foi publicado um artigo com o objetivo de determinar se um regime multimodal de tratamento da dor pós-cesárea.

De acordo com a Agência Nacional de Saúde (ANS) 84% dos partos no Brasil são realizados através da cesárea. No Brasil, raramente são utilizados opioides para controle de dor no pós-operatório da cesárea, porém nos EUA o uso da morfina pelo paciente é uma realidade. Para os obstetras norte-americanos o tratamento da dor pós-cesárea têm opioides como base, mas eles estão em busca da economia de opioides, com protocolos que utilizam múltiplas classes de analgésicos não narcóticos.

Estratégias para alívio da dor pós-cesárea

Estudo recente

Em março de 2022 foi publicado um artigo no American Journal of Obstetrics and Gynecology, com o objetivo de determinar se um regime multimodal de tratamento da dor após a cesariana reduz o número necessário de miligramas de morfina, quando comparado com a analgesia controlada pela paciente utilizando morfina.

Este é um estudo prospectivo de coorte do manejo da dor pós-operatória das mulheres submetidas a parto cesáreo. Foi realizado durante uma transição de um regime de analgesia controlada pela paciente com morfina, para um regime multimodal que inclui anti-inflamatórios não esteroides e acetaminofeno, com opioides usados ​​conforme necessário. Os dados foram coletados por um período de seis semanas antes e após a transição. O desfecho primário foi o uso de opioides no pós-operatório definido como equivalentes de miligramas de morfina nas primeiras 48 horas. Os desfechos secundários incluíram escores de dor, tempo necessário para a alta e taxas de aleitamento materno exclusivo. Mulheres que precisaram de anestesia geral ou tinham histórico de transtorno de abuso de substâncias foram excluídas.

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Durante o período do estudo, 877 mulheres foram submetidas à cesariana e 778 atenderam aos critérios de inclusão — 378 receberam a analgesia controlada pela paciente com morfina e 400 receberam o regime multimodal. A implementação de um regime multimodal resultou em uma redução significativa no equivalente de miligrama de morfina nas primeiras 48 horas. Comparado com o grupo tradicional, mais mulheres no grupo multimodal relataram uma pontuação de dor 4 por 48 horas (88% vs 77%; P < 0,001). Não houve diferença no tempo de alta. Das mulheres que planejavam amamentar exclusivamente, menos fórmulas foram usadas antes da alta no grupo multimodal do que no grupo tradicional (9% vs 12%; P < 0,001).

A transição para um regime multimodal de tratamento da dor para mulheres submetidas a parto cesárea resultou em uma diminuição no consumo de opioides enquanto controlou adequadamente a dor pós-operatória. Além disso, o regime multimodal foi associado ao sucesso precoce do aleitamento materno exclusivo. No Brasil, já estamos habituados a prescrever o regime multimodal para analgesia pós-cesárea, por este motivo, achei interessante trazer esse artigo para podermos avaliar nossa conduta e ter segurança ao prescrevê-la.

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Referências bibliográficas

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