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Segundo um estudo publicado em setembro deste ano, na Obstetrics & Gynecology, a endometriose está associada a uma maior incidência de resultados obstétricos adversos específicos, como aborto espontâneo, pré-eclampsia, diabetes gestacional e gestação ectópica.
A hipótese de que o implante do tecido endometrial em topografia anômala promova comprometimento da evolução da gestacional ocorre devido a uma série de fatores: diminuição na qualidade oócitaria, menor resposta a progesterona, alteração na placentação, diminuição na contratilidade uterina e presença de fatores inflamatórios. Todos estes associados a um maior risco de prematuridade, debates gestacional (DMG) e doença hipertensiva especifica da gravidez (DHEG).
Endometriose versus eventos perinatais
Os pesquisadores realizaram um estudo coorte que avaliou a relação entre endometriose com diagnóstico confirmado por laparoscopia e resultados obstétricos adversos em enfermeiras participantes do Nurse Health Study II.
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A pesquisa teve inicio em 1989 e incluiu 116.429 mulheres com idade entre 25 e 42 anos que responderam um questionário focado no estilo de vida, informações reprodutivas e de saúde gravidez, sendo atualizado a cada dois anos.
A partir de 1993, os questionários eram focados na endometriose com diagnóstico confirmado por laparoscopia. Em 2009, o questionário era a respeito da presença/evolução da gravidez havendo sido relato 196.722 gestações.
Resultados
Ao comparar os resultados da evolução obstétrica de mulheres com (8.875 gestações – 4,5%) e sem histórico de endometriose confirmada por laparoscopia, pode ser avaliado algumas variáveis como: aborto espontâneo, gestação ectópica, DMG, DHEG (pré-eclâmpsia ou hipertensão gestacional), prematuridade, natimorto (óbito fetal após 20 semanas de gestação) e baixo peso ao nascer.
Desse modo, o estudo concluiu que as mulheres com confirmação diagnóstica apresentaram um risco relativo (RR) elevado para abortamento espontâneo (RR 1,40; Intervalo de confiança de 95% [IC] 1,31 – 1,49), gestação ectópica (RR 1,46; IC 95%, 1,19 – 1,80), DMG (RR 1m35; IC 95%, 1,11 – 1,63) e DHEG (EE 1,30; IC 95%, 1,16 – 1,45).
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As variantes secundárias consideradas foram idade, paridade, uso de contraceptivos orais, historia de infertilidade, características do ciclo menstrual, tabagismo e índice de massa corporal (IMC). Através destes, outros associações encontradas em mulheres com endometriose confirmada foram: um maior risco de abortamento espontâneo em primíparas que possuíam menos de 35 anos, maior incidência de gestação ectópica em mulheres sem história prévia de infertilidade e a presença de DMG foi maior em multaras com menos de 35 anos, sem historia prévia de infertilidade.
Todavia, o estudo apresenta alguns vieses que não foram considerados, como: história de incompetência istmicocervical e acretismo placentário, que podem ter influenciado nos resultados.
Ainda assim, os autores concluíram que mulheres com endometriose podem apresentar maior chance de resultados obstétricos adversos, devendo haver sempre uma investigação mais aprofundada da patologia, assim como maior cautela na evolução dessas gestações. De qualquer forma, mais estudos são necessários para que possam elucidar possíveis intervenções preventivas.
Referências bibliográficas:
- Farland LV, et al. Endometriosis and Risk of Adverse Pregnancy Outcomes. Obstetrics & Gynecology: September 2019 – Volume 134 – Issue 3 – p 527-536. doi: 10.1097/AOG.0000000000003410. Disponível em <https://journals.lww.com/greenjournal/Citation/2019/09000/Endometriosis_and_Risk_of_Adverse_Pregnancy.14.aspx>
- Endometriosis Linked to AdversePregnancy Outcomes – Medscape – Aug 08, 2019.
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