Atualmente, o rastreamento para câncer de colo uterino realizado no Brasil sugerido pelo Ministério da Saúde preconiza a realização de citologia oncótica em mulheres sexualmente ativas a partir dos 26 anos de idade. A coleta deve ser bianual nos primeiros dois exames seguidos, se normais ambos, por coletas a cada três anos até os 64 anos de idade.
Entretanto, com a possibilidade de detecção de DNA viral através da citologia em meio líquido, seguida da identificação do subtipo do HPV, as metanálises têm demonstrado que o teste para HPV é mais eficaz na detecção de lesões de alto grau em estágios mais precoces, podendo então aumentar o intervalo entre as coletas
Na Inglaterra, o rastreamento cervical era feito rotineiramente com citologia. Desde 2019 em um projeto piloto começaram a realizar, no Reino Unido a substituição por testes com DNA viral para HPV permitindo um maior intervalo nas coletas. A dúvida seria se com esse aumento do intervalo e com a troca do método haveria algum prejuízo na detecção precoce do câncer de colo uterino no Reino Unido.
O Estudo
Um trabalho publicado no British Medical Journal em 31 de maio de 2022 trouxe os resultados de um estudo observacional com essa nova rotina. Na nova rotina com testes de HPV (DNA viral) mulheres de 25 a 49 anos realizaram coletas de 3 em 3 anos e as mulheres de 50 a 64 anos com intervalo de 5 anos. Foram analisadas 1,34 milhão de mulheres realizando citologia seguida de colposcopia quando alterada a citologia.
Já as pacientes que realizavam testes de HPV se apresentassem positivos para HPV oncogênico eram referenciadas para citologia e colposcopia se necessário. Os testes citológicos após pesquisa de DNA viral eram repetidos em 12 e 24 meses se houvesse persistência de anormalidades. O objetivo principal foi analisar a eficácia da detecção de NIC 3 e câncer cervical após um teste negativo de HPV.
Conclusões
Apesar de ser um estudo observacional com suas limitações metodológicas, no grupo de 24 a 49 anos de idade foi observada uma incidência 74% menor de citologias alteradas após um teste de HPV negativo. Já no grupo de 50 a 59 anos de idade esse índice foi de 50%. Estatisticamente essas diferenças não se mostraram significativas.
Concluído o estudo piloto, os dados mostraram que nessa população inglesa o rastreamento com testes para HPV (usando DNA viral) permite a extensão de no mínimo cinco anos de intervalo para novo rastreamento com segurança. Ainda sugerem que o intervalo atual de cinco anos para população acima de 50 anos de idade poderá ser estendido ainda mais. As medidas sugeridas pelo trabalho para a população de até 50 anos já foram implantadas pelo departamento responsável.
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