Depressão pós-parto (DPP) é um agravo que acomete em torno de 1 a cada 25 partos. Sua ocorrência pode se estender até quase o sexto mês de puerpério. A morbidade pode prejudicar o convívio materno, fetal ou ainda prejudicar o cuidado mãe-feto. Por isso torna-se importante e interessante seu diagnóstico precoce e tratamento eficaz para que a mulher possa vivenciar essa época de forma plena.
Prevalência depressão pós-parto
Vários estudos têm mapeado algo em torno de 10-20% de prevalência ao redor do mundo. Os sintomas podem ir desde um ligeiro desconforto, passar por sensações de agonia até a completa dependência medicamentosa para dormir, levantar ou cuidar dos filhos. Muitas mulheres sentem-se fracas, cansadas e estressadas em quaisquer momentos desde o nascimento até podendo chegar ao sexto mês de puerpério.
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Baseado nessas premissas importantes um grupo espanhol resolveu estudar a prevalência desse quadro utilizando a Escala de Edinburgh de Depressão Pós-Natal (EEDPN) através de download da escala em aplicativo de celular Android. As pacientes faziam o download, treinamento e teste inicial na última semana de gravidez. Após o parto, durante a primeira semana puerperal faziam o preenchimento pela primeira vez da escala. Na quarta semana de pós parto, foram novamente testadas de acordo com a mesma escala. Após o preenchimento o aplicativo informava um escore das informações comparando com teste T dependente as duas avaliações da primeira e quarta semanas. Ainda se levou em consideração com teste ANOVA outros parâmetros comparativos entre as 64 pacientes (nível educacional, estar ou não empregada, idade e paridade).
De posse desses dados algumas conclusões interessantes foram publicadas:
- Foram relevantes idade e paridade neste estudo: depressão pós-parto prevaleceu entre primíparas com menos de 20 anos de idade. Talvez a imaturidade e a precocidade de novidade da gestação e do parto podem ser os agravantes para essas jovens mães.
- Não foram encontradas diferenças significativas para screening realizado na primeira ou na quarta semanas de puerpério. Portanto para o melhor benefício do binômio materno-fetal é interessante aplicar o mais precoce possível na primeira semana de pós parto para, identificados os sinais, iniciar o tratamento.
- Não se observaram diferenças entre os níveis de escolaridade. Aqui outro ponto de interesse onde fica a pergunta: Será que as mães de mais baixo nível cultural têm a capacidade técnica de responder corretamente às perguntas do aplicativo? Pode ter sido um viés de ordem técnica para o trabalho.
- Não houve diferenças entre as mães que estavam com emprego formal ou desempregadas para a prevalência de depressão puerperal. Apesar de existirem trabalhos demonstrando maior prevalência em mulheres que não trabalham.
Conclusão
O trabalho em questão poderia ser resumido em seus achados com a seguinte frase: não existe diferença entre fazer screening na primeira ou na quarta semana para depressão pós-parto. A incidência encontrada foi maior nas primíparas mais jovens abaixo de 20 anos de idade. Isso mostra-se relevante para os profissionais da saúde realizarem screening o mais precoce possível na primeira visita puerperal para que a prevenção, medicação e acolhida dessas pacientes seja plena.
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Referências bibliográficas:
- Sarli D, et al. Early screening of baby blues based on Android applications: First-week postpartum. Enferm Clin. 2020;30(Supl 5):129-32. doi: 10.1016/j.enfcli.2019.11.038
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