Desde o surgimento dos primeiros casos de Covid-19, em dezembro de 2019, temos visto um número crescente da morbimortalidade causada por SARS-Cov-2 e mulheres gestantes têm sido consideradas como grupo de risco pelos efeitos do vírus durante e após a gestação, tanto nas mães como em seus recém-nascidos.
Veja também: Revista Coronavírus: como abordar a gestante com Covid-19? [vídeo]
Método
Em uma revisão robusta publicada recentemente (setembro de 2020) no BMJ (British Medical Journal) utilizando-se das seguintes bases de dados: Medline, Embase, Cochrane database, WHO Covid-19 database, China National Knowledge Infrastructure (CNKI), e Wanfang databases (no período de dezembro a junho de 2020), uma coorte de 77 estudos perfazendo um total de 13.118 mulheres chegou a algumas conclusões interessantes sobre o acometimento de mulheres grávidas com Covid-19:
- Febre: manifestação mais prevalente também entre gestantes (40%). Apesar de não serem as queixas mais prevalentes entre gestantes e puérperas recentes as queixas de febre e mialgia.
- Tosse: segunda manifestação clínica mais frequente (39%).
- Idade materna avançada, índice de massa corpórea elevado e comorbidades prévias (diabetes prévio sendo a mais prevalente) foram os fatores de risco mais relevantes nas pacientes gestantes que desenvolveram doença mais grave necessitando de cuidados intensivos.
- Trabalho de parto prematuro foi a complicação mais prevalente entre esses pacientes que desenvolveram Covid-19 (17% como taxa geral e 6% nascimentos prematuros espontâneos).
- UTI neonatal: a necessidade de cuidados intensivos neonatais foi frequente nos recém nascidos dessas mães acometidas por Covid-19.
- Os índices de cesarianas nessas pacientes foram mais elevados.
Limitações e conclusão
De um modo bastante crítico baseado nas evidências que temos até o momento, sugere-se, neste trabalho, que as gestantes, mesmo que sejam admitidas por outras queixas diferentes, devam ser testadas de forma universal para Covid-19.
As limitações do trabalho, obviamente presentes, esclarecem que, frente a uma doença completamente nova, temos o surgimento de novas evidências a todos os momentos. As amostras populacionais, apesar de serem substanciais, representam os eventos localizados apenas nas populações estudadas, necessitando serem replicados para robustez do estudo.
Mais dados são necessários para responder a pergunta: gestantes mais idosas, com IMC maiores e com comorbidades estão mais sujeitas a Covid-19? Este estudo sugere que sim!
Saiba mais: A saúde mental de gestantes e puérperas durante a pandemia de Covid-19
Referências bibliográficas:
Allotey J, et al. Clinical manifestations, risk factors, and maternal and perinatal outcomes of coronavirus disease 2019 in pregnancy: living systematic review and meta-analysis. BMJ 2020;370:m3320. doi: 10.1136/bmj.m3320
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.