Contraceptivos hormonais e atraso na fertilidade
Métodos anticoncepcionais reversíveis de longa duração estão se popularizando, por isso pesquisas avaliam o uso e impacto na fecundabilidade.
Os métodos anticoncepcionais reversíveis de longa duração (LARC) estão se tornando cada vez mais populares, em virtude disto diversas pesquisas avaliam o uso dos contraceptivos hormonais e fecundabilidade (probabilidade média de gravidez por ciclo menstrual para um casal com relações sexuais frequentes e sem contracepção).
Um recente estudo publicado na The BMJ em novembro de 2020, avaliou a fecundabilidade quanto ao tempo de uso de métodos contraceptivos hormonais e não hormonais. A coorte prospectiva avaliou dados de 3 estudos com uma população total de 17.954 mulheres com idade entre 18 e 49 anos que estavam tentando gestar em centros da Dinamarca e da América do Norte no período de 2007 a 2019, a avaliação era bimestral para avaliar como desfecho a gravidez no período máximo de 12 meses.
Método do estudo
Das 17.954 mulheres avaliadas, aproximadamente 6.735 (38%) haviam feito uso de contraceptivos orais recentemente, 2.398 (13%) usaram LARC e 5.497 (31%) métodos de barreira. De toda a população, 10.729 mulheres gestaram sendo 56% nos primeiros seis meses de acompanhamento e 77% em 12 meses.
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Todavia, quando comparada a fecundabilidade das usuárias de LARC com as usuárias de métodos de barreira, essas últimas apresentaram maior taxa; Quando avaliado usuárias de métodos contraceptivos injetáveis, estas apresentaram um maior atraso no retorno da fertilidade normal (cinco a oito ciclos menstruais) e menor taxa de fecundabilidade ( 0,65; IC de 95% 0,47 a 0,89) quando comparado com métodos de barreira. Já as usuárias de anticoncepcionais transdérmicos (adesivo) apresentaram um retorno da fertilidade normal após quatro ciclos, contraceptivos orais e anel vaginal dois ciclos, e por fim usuárias de dispositivos intrauterinos (DIU) e implantes hormonais apresentaram o menor tempo para retorno da fertilidade fisiológica, dois ciclos.
Conclusão
Diante das evidencias do estudo, pode-se concluir que o uso de contraceptivos injetáveis promovem prováveis efeitos no organismo feminino postergando o retorno da fertilidade após a suspensão do método, todavia vale salientar que o estudo não correlacionou o tempo de uso dos métodos com os resultados, podendo ser um viés do estudo. Desse modo, é fundamental conversar com a paciente e avaliar o planejamento familiar para escolha do melhor método contraceptivo.
Referências bibliográficas:
- Yland JJ, et al. Pregravid contraceptive use and fecundability: prospective cohort study. BMJ 2020;371. doi:10.1136/bmj.m3966
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